Nuno Moreira da Fonseca é enfermeiro num hospital em Lisboa e, ontem, no Instagram, num texto que intitulou de "Tragédia, Horror e Morte", fez um retrato do que se vive nas unidades do país. Para o profissional de Saúde, "parece que se entrou num estágio letárgico e já não se reage a tamanha barbaridade".
"Ninguém questiona porque se abriu o país na semana de Natal, para se contagiarem e morrerem milhares de pessoas, e mesmo agora com números tão elevados vamos esperar mais uns dias para se voltar a confinar de forma total. Que desilusão e que perda irreparável! Temos os números mais negros do mundo e... não acontece nada?", questiona. "Num país onde os trabalhadores da saúde estão exaustos, desesperados e impotentes, na escolha entre quem vive e quem morre".
Nuno prossegue a mensagem com mais uma pergunta: "Quem se acusa? Ninguém, é a normalidade no país onde os culpados assobiam para o lado". Para este, "o Presidente da República e o Primeiro Ministro concordam que o pacto social do período de Natal falhou, mas as escolas não precisam de encerrar, vai haver eleições e vamos falhar de novo, para quê! E agora Portugal?"
O enfermeiro deixa ainda um apelo aos portugueses para que cumpram as normas e as medidas de segurança para seja possível um combate mais eficiente ao novo coronavírus. "O amanhã será pior se continuarmos a colocar em causa o trabalho levado à exaustação de todos quantos deram o melhor de si, até muito para além do dever. Peço-vos mais do que nunca que sejam tidas em consideração as normas sanitárias que continuam a ser sistematicamente ignoradas como nos mostram estes números assustadores".
"Por todos nós e especialmente por aqueles que são vítimas desta pandemia, em memória daqueles que perderam esta batalha e pelo País exangue que queremos ver renascer".
De recordar que, esta quarta-feira, foram batidos todos os recordes em Portugal desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas contabilizaram-se 14.647 novos casos de infeção pelo novo coronavírus e 219 mortes relacionadas com a Covid-19.
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