Em comunicado divulgado na noite de sexta-feira, o INEM explica que são os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) a fazer o encaminhamento de doentes urgentes segundo as redes de referenciação hospitalares instituídas, tendo ainda consideração fatores como estado clínico.
"[...] Ao contrário do que o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) alega, o trabalho de referenciação dos CODU é permanente e resulta de uma articulação muito próxima entre o INEM, as ARS [Administração Regional de Saúde] e os hospitais, revelando coordenação entre o INEM e as várias entidades no SNS [Serviço Nacional de Saúde]", salienta.
De acordo com o comunicado, toda a informação sobre os tempos dos serviços de urgência, a taxa de ocupação dos hospitais e as vagas existentes -- para "doentes covid" e "não-covid" e nas várias valências de medicina intensiva -- são monitorizadas "em permanência" pelo INEM.
"Em situações de elevada pressão sobre um hospital, os CODU podem, transitoriamente, desviar doentes para outras unidades de saúde, sempre em articulação com todos os hospitais envolvidos e as respetivas ARS e desde que esse procedimento não coloque em causa a segurança dos doentes", adianta, adiantando que é um mecanismo transitório e apenas é executado "quando existe capacidade dos hospitais vizinhos para absorverem doentes".
No entanto, o INEM acrescenta que, devido à pressão generalizada sobre todos os serviços de urgência, o desvio de ambulâncias para outros hospitais "não é possível ou é apenas exequível em situações muito concretas e pontuais".
Sobre as equipas de reforço propostas pelo STEPH, o INEM revela que ainda não sabe como vão ser formadas, mas que se disponibilizou para se reunir com a direção do sindicato.
O INEM acrescenta que o STEPH respondeu que apenas terá disponibilidade para se reunir em 29 de janeiro ou em 02 de fevereiro.
"Os profissionais do INEM e os seus parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), Bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), têm estado altamente empenhados na resposta a todas as situações emergentes e tem sido possível reforçar pontualmente o dispositivo de meios de socorro", realça.
Na sexta-feira, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar criticou a falta de coordenação que faz com que as ambulâncias se acumulem nas urgências dos hospitais e disse que já propôs equipas de reforço, mas não recebeu resposta.
Em declarações à agência Lusa, Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, adiantou que já na sexta-feira o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM pode decidir enviar o doente para outra unidade que não a da área de residência e, por isso, diz não entender porque se insiste no envio para hospitais que deixam o doente à espera várias horas no exterior.
"Não se entende como, perante este acumular de ambulância nas urgências de alguns hospitais, não se faz o contacto com outras unidades e não se encaminha o doente para outras unidades. Mesmo que fosse para fora da região, a viagem era mais demorada, mas, ainda assim, o doente era atendido mais cedo", afirmou.
Para o responsável sindical, o acumular de ambulâncias em fila, durante horas, nas urgências dos hospitais "faz com que estejam retidos não só os veículos, que poderiam estar a fazer outros serviços, como os técnicos, que estão ali à espera e poderiam igualmente assistir outros doentes".
Rui Lázaro disse ainda que o sindicato já fez, há cerca de duas semanas, ao INEM, com conhecimento da Secretaria de Estado, um pedido de esclarecimento, manifestando-se disponível para colaborar na constituição de equipas de reforço, "sobretudo nas zonas mais afetadas, como o Centro e o Sul.
Portugal registou na sexta-feira o maior número de mortes (234) por covid-19 desde o início da pandemia e 13.987 novos casos de infeção, de acordo com o balanço diário da DGS.
Já morreram em Portugal 9.920 pessoas dos 609.136 casos de infeção confirmados.
A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e que se disseminou rapidamente pelo mundo.
O número de mortes em Portugal durante 2020 foi 10,6 % maior em relação à média dos anteriores cinco anos, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística, que registou 123.409 óbitos, mais 12.220 do que entre 2015 e 2019.
Em 31 de dezembro registavam-se 6.906 mortes atribuídas à covid-19, ou seja, 56% do excesso de mortalidade de 2020 em relação à média 2015-2019.
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