Contrariamente ao tempo de espera verificado em algumas secções de voto pelo país este domingo, dia de eleição do próximo Presidente da República, esta tarde na Escola EB23 Visconde de Juromenha, freguesia de Algueirão-Mem Martins, as filas que se iam formando rapidamente se dissipavam.
A freguesia do concelho de Sintra é a que regista mais eleitores inscritos, com um total de 56.272 nomes nos cadernos eleitorais, segundo dados do Ministério da Administração Interna (MAI), sendo que só na escola Visconde Juromenha estão inscritos para estas eleições mais de 12.000 votantes.
Jorge Correia, 27 anos, confessou à Lusa que nunca pensou em não vir votar, apesar do "pequeno receio" causado pela "situação horrível" que o país atravessa, com o aumento de casos, internamentos e mortes de covid-19.
"Apesar do contexto todo que estamos a viver temos que lutar pela nossa democracia, temos que lutar pelos nossos direitos e acho que é uma mais valia vir votar independentemente das condições, desde que seja feito em segurança", vincou o jovem.
De muletas, mas com ânsia de preencher o seu boletim, a eleitora sintrense Mariana, 77 anos, não deixou que a recente operação ao joelho a impedisse de vir às urnas: "Eu vinha sempre, só se eu não pudesse de maneira nenhuma", disse à Lusa.
Questionada sobre a importância do voto, a idosa, que confessou ter "muito medo da pandemia", respondeu com outra pergunta e olhar terno, desvendando um sorriso debaixo da máscara: "Claro que é importante, então, não é? A gente tem que fazer o nosso dever".
No meio dos eleitores que entravam e saíam com relativa rapidez, ouvia-se a voz de Pedro Vinagre, voluntário a ajudar na logística do processo eleitoral, que entrou pelas 13:30 para o segundo turno do dia e ia repetindo frases como "olá, boa tarde, em que posso ser útil?", "é na segunda porta do seu lado direito" ou "sempre às ordens".
"Há alguma dificuldade [das pessoas] por causa da identificação, umas porque não têm o acesso devido às tecnologias para saberem as mesas de voto, outros é porque não sabem mesmo ou porque não sabem utilizar o telemóvel", explicou Pedro Vinagre.
Devido ao contexto pandémico, as mesas de voto multiplicaram-se e algumas pessoas votaram hoje em escolas ou instituições diferentes das habituais. Foi o caso de Márcia Santos, 21 anos, e Inês Pereira, 22, que foram juntas votar por ser "um direito", "um dever" e "uma obrigação".
"Acho que às vezes existe uma descrença na política, qualquer pessoa que lá esteja vai fazer igual aos outros independentemente do partido. Só que a verdade é que cada um defende coisas diferentes e nós aqui se não concordamos com determinadas opiniões temos que vir votar no sentido contrário", vincou Inês, com a amiga Márcia a garantir que existem "condições de segurança".
O concelho de Sintra tem mais de 300 mil eleitores inscritos, constituindo-se como um dos maiores e mais populosos do país, sendo que cerca de 5.000 cidadãos se inscreveram para o voto antecipado no passado domingo.
A afluência às urnas para a eleição do novo Presidente da República era, até às 16:00 de hoje, de 35,44%, segundo dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).
Nas últimas eleições presidenciais, em 24 de janeiro de 2016, à mesma hora, a afluência foi de 37,69%.
Para o sufrágio de hoje estão inscritos 10.865.010 eleitores, mais 1.208.536 do que nas eleições presidenciais de 2016.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para domingo e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
Concorrem às eleições presidenciais de domingo sete candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), o ex-militante do PS Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans e presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).