A Câmara algarvia justificou a decisão de colocar o núcleo a trabalhar na biblioteca José Mariano Gago, sob coordenação do delegado de saúde local, com o "aumento significativo do número de casos positivos e de pessoas em isolamento profilático no concelho", e a necessidade de reforço do seguimento epidemiológico da população, mas assegurou à agência Lusa que presta 'online' os serviços possíveis, no atual contexto de estado de emergência.
"A estrutura, contemplada no Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, integra o Posto de Comando Operacional Municipal e funciona sob a coordenação do delegado de saúde na Biblioteca Municipal José Mariano Gago", explicou o município num comunicado, sem querer dar mais detalhes à Lusa sobre a matéria.
A utilização da sede da biblioteca municipal para acolher a estrutura de saúde pública levou a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) a mostrar-se "desolada" por os utilizados do espaço ficarem sem acesso aos serviços que esta disponibilizava, mas o município recordou que as bibliotecas públicas estão encerradas por ordem do Governo no âmbito das medidas impostas para combater a pandemia de covid-19.
"Por muito necessário e imperativo que consideremos o motivo, desola-nos o facto de a comunidade ficar totalmente privada dos serviços da sua biblioteca. Resta-nos a esperança de que, no âmbito da colaboração que tem pautado o trabalho das redes de bibliotecas, nomeadamente das Bibliotecas do Algarve, possa ser equacionada uma solução eficaz, capaz de responder às necessidades população de Olhão na área do serviço público de biblioteca", argumentou a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) através das redes sociais.
Confrontado pela Lusa com a posição da RNBP, a Câmara de Olhão respondeu que, além de "todas as bibliotecas estarem encerradas por decreto governamental", a restrições impostas para conter a pandemia também deixaram "suspensos os serviços 'take away' de livros, em todas as bibliotecas".
"Não obstante, em Olhão, continuamos a promover a leitura e outras atividades 'online'. A população não está 'totalmente privada dos serviços da sua biblioteca'. Continua a ter todos os serviços possíveis nesta fase da pandemia", assegurou a autarquia à Lusa.
A mesma fonte argumentou ainda que, com a biblioteca fechada, optou por "rentabilizar o espaço e os recursos humanos" e passar a "prestar mais serviços à população", na área da Saúde Pública.
"Não percebemos porque é que a Rede Nacional de Bibliotecas está contra esta medida. Para além dos serviços possíveis prestados pela nossa Biblioteca, estamos a fazer mais, utilizando este espaço, também, na luta contra a pandemia, o que muito nos orgulha", acrescentou a Câmara do distrito de Faro.
A autarquia de Olhão explicou que, "além de técnicos da Unidade de Saúde Pública de Olhão e do Serviço Municipal de Proteção Civil, foram afetos, temporariamente, a este serviço outros 32 funcionários da autarquia, cuja atividade, em virtude do atual contexto, se encontrava suspensa", que foram alvo de formação "ministrada por médicos de Saúde Pública".
O município precisou que estes colaboradores irão "fazer o acompanhamento epidemiológico da população, nomeadamente com a realização dos inquéritos epidemiológicos, aumentando a eficácia do acompanhamento das pessoas em vigilância ativa", entre outros serviços.
A mesma fonte considerou que esta tarefa é "essencial para travar as cadeias de transmissão" num concelho que está em situação de risco elevado, segundo a última lista que faz a classificação de risco por municípios, elaborada pelo Governo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.176.000 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 11.608 pessoas dos 685.383 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.