Uma enfermeira responsável e o diretor clínico do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa demitiram-se na sequência de irregularidades na administração das vacinas contra a Covid-19, avança o jornal Expresso, esta quarta-feira.
Segundo o semanário, Maria João Costa, enfermeira diretora, e Manuel Pedro Magalhães, diretor clínico, terão deixado os cargos por "desrespeito dos critérios de priorização" na vacinação dos profissionais de saúde da unidade. As irregularidades terão sido detetadas por Francisco Ramos, presidente da Comissão Executiva e coordenador da Task Force para a vacinação contra a Covid-19, que renunciou ao cargo.
O Expresso apurou que Francisco Ramos incumbiu a enfermeira responsável e o diretor clínico de elaborarem a lista dos profissionais de saúde a vacinar, mas, ao que tudo indica, os critérios definidos pela Task Force não foram cumpridos. "Entre as suspeitas apuradas estão, por exemplo, a administração de doses a médicos que não exercem funções no hospital há muito tempo, alguns há cerca de um ano", revela o Expresso.
À agência Lusa, o diretor clínico, Manuel Pedro Magalhães, explicou que juntamente com a enfermeira diretora se "responsabilizaram pela seleção dos profissionais do Hospital da Cruz Vermelha a vacinar contra a covid-19, respeitando os critérios pré-estabelecidos pela Direção-Geral da Saúde, numa informação divulgada no dia 31 de janeiro".
"Estes dois elementos reconhecem que cometeram um lapso, tendo sido atribuída a especialidade de cirurgião a um médico da especialidade de medicina interna, o que permitiu que este fosse incluído na lista de profissionais do HCV a vacinar prioritariamente", esclareceu Manuel Pedro Magalhães.
Segundo o médico, "perante isto, foi discutido o assunto com a administração do hospital, incluindo o seu presidente".
"Pusemos o lugar à disposição, eu, diretor clínico, e a enfermeira diretora, responsáveis pela inscrição final dos elementos constantes da lista e que foram vacinados entre ontem [terça-feira] e hoje, na qual consta o lapso", referiu.
Manuel Pedro Magalhães acrescentou que já tinha colocado o lugar à disposição a partir de 16 de dezembro, altura em que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa passou a ter a maioria do capital da sociedade gestora do HCV.
Na sequência destas irregularidades, Francisco Ramos renunciou ao cargo de coordenador da Task Force para a Elaboração do 'Plano de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal', alegando "irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva", pode ler-se no comunicado do Ministério da Saúde.
"Considero que não se reúnem as condições para me manter no cargo de coordenador da 'task' force para a elaboração do Plano de Vacinação Contra a Covid-19 em Portugal. Assim, apresentei ontem, dia 2 de fevereiro de 2021, à Senhora Ministra da Saúde, a renúncia ao cargo", escreveu na declaração enviada às redações.
[Notícia atualizada às 22:00]
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