O diretor do serviço de Infecciologia do Hospital de Setúbal escreveu uma carta aberta dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido.
Considerando o aumento de casos de Covid-19 no país, o responsável alertou para a pressão vivida no hospital.
"O que apresentámos [na carta] é um retrato de uma realidade que pesa muitíssimo sobre um hospital já de si carenciado", começou por explicar José Poças, em declarações à SIC Notícias.
Além da elevada afluência, o diretor avisou que a unidade de saúde carece de condições e de recursos humanos para dar resposta a todos os doentes.
"Tem de ser o hospital na sua globalidade a responder e é isso que temos procurado fazer nas condições muito difíceis decorrentes, não só das insuficiências das instalações e bens humanos que o Ministério bem sabe, mas também do brutal aumento da procura que nos fez inventar novos planos", afirmou.
José Poças sublinhou também que a maior preocupação do hospital prende-se com os doentes assintomáticos e com os que sofrem de outras patologias e que não recorrem à unidade de saúde.
"Estamos muito preocupados com duas vertentes: Com a vertente dos doentes que têm esta infeção e que muitas vezes chegam ao hospital por outra razão, por outra patologia. Mas também, estamos muito preocupados com os outros doentes que não deixaram de existir mas que deixaram de alguma forma de procurar o hospital", frisou.
O responsável recordou ainda que o Hospital de Setúbal foi, até ao momento, o único a declarar estado de catástrofe. De seis camas ocupadas em dezembro nos cuidados intensivos, o hospital tem hoje 52 pessoas internadas nesta unidade, com uma taxa de esforço no serviço de infecciologia de 76%.
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