Em declarações à Lusa, Pedro Correia, paleontólogo e investigador do Instituto das Ciências da Terra da FCUP, disse hoje que o fóssil, descoberto em rochas com 300 milhões de anos da Bacia Carbonífera do Douro e batizado de 'Iberisetum wegeneri', tinha características "morfológicas singulares".
"Esta região da Península Ibérica tinha um clima muito próprio que favoreceu a origem de muitas espécies endémicas com características morfológicas singulares, uma delas foi este fóssil que descobrimos na Bacia Carbonífera do Douro", referiu.
Uma das características singulares deste fóssil, que já não era estudado desde a década de 1930, é "possuir bainhas foliares com uma organização heliotrópica" que representam "uma novidade evolutiva para os Equisetales [espécie de plantas]".
"As bainhas foliares funcionavam como painéis solares, onde as folhas estavam orientadas para o sol para capturar o máximo de luz para a fotossíntese", esclareceu o investigador.
O fóssil 'Iberisetum wegeneri' representa um novo género e uma nova espécie de um grupo extinto de plantas articuladas [designadas 'esfenopsídeas] primitivas, "um grupo ancestral distante do Equisetum".
Segundo Pedro Correia, a descoberta deste fóssil "comprova que os ambientes intramontanos da bacia do Douro tinham um clima muito próprio que favoreceu o aparecimento de espécies que são endémicas àquele local".
"A região era tropical, mas passou por um evento seco, semiárido, e as plantas residentes tiveram de se adaptar ao local, daí a descoberta destes fósseis plantas com características muito singulares", acrescentou.
A descoberta foi publicada na revista 'Historical Biology', sendo que o nome dado ao novo fóssil surge em homenagem ao geólogo e meteorologista alemão Alfred Wegener.
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