Famílias e diretores querem que alunos desfavorecidos vão à escola
As famílias e os diretores escolares querem que os alunos mais desfavorecidos, para quem é mais difícil acompanhar as aulas em casa, possam continuar a ir à escola durante o ensino a distância, que regressa na segunda-feira.
© Lusa
País Covid-19
A partir de segunda-feira, alunos e professores regressam às aulas, mas não à escola, devido à pandemia de covid-19, e a poucos dias de retomarem o ensino à distância, os representantes de pais e diretores escolares estão particularmente preocupados com os alunos mais desfavorecidos.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, admitiu recear que "algum aluno possa ficar esquecido" e disse que as escolas têm de assegurar "que estes alunos não sejam abandonados".
No ano letivo passado, quando o ensino foi implementado pela primeira, muitos alunos tiveram dificuldade em acompanhar as aulas 'online' e continuar a estudar e aprender longe da escola por diversos motivos, desde a falta de equipamentos à falta de condições em casa.
Para minimizar este problema, Rui Martins sugere que as crianças e jovens em situação de maior fragilidade possam continuar a ir à escola, recorrendo às escolas de referência que se vão manter abertas para receber os filhos dos trabalhadores de serviços essenciais.
Do lado dos diretores escolares, também há a expectativa de que isso possa acontecer.
"Desta vez, estamos a tentar que aqueles alunos que têm situações mais complicadas venham para a escola, pelo menos um ou dois dias por semana", disse à Lusa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).
Desta forma, explica o representante dos diretores, "garantimos que esses alunos têm um acompanhamento melhor e mais eficaz", não só durante as aulas síncronas, mas durante todo o dia, que aproveitariam para consolidar aprendizagens com o apoio de um professor.
Mais de 1.600 alunos frequentaram na semana passada as cerca de 700 escolas de acolhimento abertas um pouco por todo o país. A meio desta semana, o número de alunos ultrapassava já os 2.500, segundo dados do Ministério da Educação.
Estas escolas estão abertas para receber os filhos de trabalhadores essenciais, mas também crianças com necessidades educativas especiais e algumas famílias que reconheceram não ter capacidade para dar apoio aos alunos também estão já estão a procurar desta alternativa.
Na terça-feira, a Federação Nacional dos Professores revelou, depois de uma reunião com o Ministério da Educação, que o executivo também estaria a ponderar alargar estes estabelecimentos de ensino aos filhos até 12 anos dos professores.
As escolas encerraram as portas há cerca de duas semanas e as crianças e jovens, desde creches ao ensino superior, ficaram em casa, numa pausa letiva que terminou na sexta-feira.
Na segunda-feira, cerca de 1,2 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano voltam a ter aulas à distância, à semelhança do que aconteceu no passado ano letivo.
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