Peças em ouro e prata oferecidas desaparecem de santuário no Alentejo
Várias peças em ouro e prata oferecidas por fiéis foram alegadamente furtadas no santuário de Nossa Senhora d'Aires, no concelho de Viana de Alentejo, e a Arquidiocese de Évora já participou o caso à Polícia Judiciária (PJ).
© Reuters
País Santuário
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, indicou que o desaparecimento dos ex-votos daquele templo religioso ocorreu em agosto de 2009 e a apresentação da denúncia na PJ foi feita em junho de 2020.
"Fui informado em meados de 2020 por relato oral dos párocos de Viana do Alentejo" do desaparecimento de "um conjunto de ofertas feitas pelos fiéis que peregrinam ao santuário de Nossa Senhora d'Aires", adiantou.
Segundo o prelado alentejano, "muitas" das peças alegadamente furtadas estão "descritas no inventário oficial da arquidiocese".
O arcebispo de Évora precisou que fez a participação à PJ no dia 26 de junho de 2020, pouco depois de ter tido conhecimento do caso, sublinhando que manifestou a esta polícia "total colaboração para o apuramento de toda a verdade".
Dois resplendores, um em prata e outro em ouro, ambos com pedras preciosas, e vários objetos de ouro de uso pessoal são algumas das ofertas desaparecidas, indicou a Arquidiocese de Évora na sua página de Internet.
"Não temos estimativa do valor económico das peças", realçou a instituição religiosa, frisando que, "do ponto de vista religioso, os ex-votos são bens ofertados a Deus, que não se podem dispor sem autorização expressa do Santo Padre".
A arquidiocese realçou que "estão sob investigação as circunstâncias e as pessoas envolvidas" no caso do desaparecimento das peças, considerando que "são muitas as interrogações e perplexidades".
Sobre o facto de terem passado 11 anos entre o desaparecimento dos ex-votos e a denúncia à PJ, a instituição sublinhou que "não tem uma explicação completa e aguarda também pelas conclusões que a investigação venha a fornecer".
No comunicado, o arcebispo de Évora admitiu que o desaparecimento dos ex-votos do santuário "entristece e fere duramente o povo cristão", notando que as "ofertas são fruto de privações e de uma fé profunda a Deus".
Senra Coelho pediu "perdão pela parte de responsabilidade que possa caber à arquidiocese", salientando que já estão a ser tomadas "as medidas necessárias para o reforço na proteção e salvaguarda" do património.
De acordo com o prelado, o santuário encontra-se em obras de requalificação e a empreitada está "na fase final", mas a sua reabertura realiza-se "logo que as circunstâncias sanitárias o permitam".
Situado a cerca de três quilómetros da vila de Viana do Alentejo, o santuário de Nossa Senhora d'Aires, considerado o maior templo do sul do país, datado de 1743, acolhe anualmente muitos peregrinos provenientes de todo o país, mas sobretudo do Alentejo.
Junto ao santuário de arquitetura barroca e neoclássica, localiza-se a Casa dos Milagres, que guarda centenas de ex-votos populares.
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