"Esperança" mas "confinamento não pode ser um período entre duas vagas"
"Ainda estamos muito longe dos indicadores" que permitem um desconfinamento. António Lacerda Sales foi à RTP3 após a reunião desta tarde no Infarmed. Quanto à testagem massiva, esta começará "dentro de muito pouco tempo", havendo ainda "processos a limar e a aperfeiçoar".
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País Covid-19
António Lacerda Sales afirmou, esta segunda-feira, no programa '360' da RTP3, que "é preciso percebermos que este confinamento está a produzir resultados e os portugueses estão a perceber isso e, com a consciência habitual que manifestam nestas alturas, perceberam a necessidade de estarem confinados". O secretário de Estado Adjunto e da Saúde marcou presença após a reunião desta tarde realizada com especialistas no Infarmed.
"Confinamento é, com os resultados que estamos a ter, também um confinamento com esperança", advogou, sublinhando que "é importante passar esta mensagem".
De acordo com o governante, "esta é a altura ainda de falarmos em confinamento". "É muito prematuro estarmos a falar em desconfinamento. Isso é uma matéria que é planeada, nós não navegamos à vista. Planeamos o que fazemos e, de 15 em 15 dias, vamos tomando decisões".
Questionado sobre quais os indicadores necessários para se poder falar em desconfinamento, Lacerda Sales foi taxativo, assinalando que estes "têm de funcionar de uma forma integrada e não isoladamente". "Temos ouvido as 'linhas vermelhas', o número de camas de enfermaria que devem ser inferiores a 1.500, o número de camas de UCI que devem ser inferiores a 200 [...] Ainda estamos muito longe destes indicadores. Temos é de trabalhar para eles e, com certeza, que durante o restante mês de fevereiro e o mês de março vamos todos trabalhar".
Já sobre se é possível que a pandemia esteja sempre a regredir ou se esta só é possível combater em confinamento, o secretário de Estado frisou que "há um conjunto de fatores e de medidas", sendo que "as variantes foram um dos fatores, o frio, a mobilidade social foi outro dos fatores" e, todos estes, "cumulativamente", acabam "por desencadear em piores números, como foi o caso".
"Confinamento não pode ser um período entre duas vagas"
Contudo, "o que os portugueses já perceberam é que o confinamento não pode ser um período entre duas vagas e temos mesmo de resolver o problema". A "única forma" de o fazer, destacou, "é com rigor, com disciplina e com esta mensagem de que temos de estar confinados e ser disciplinados no confinamento".
"Os portugueses perceberam também que têm que diminuir a pressão sobre os serviços de saúde para diminuir a morbilidade, que têm de diminuir também os óbitos - temos de salvar vidas - e temos de proteger as faixas mais vulneráveis", acrescentou. E há uma questão "muito importante": "Também precisamos de tratar outras patologias para além da Covid e, para isso, é preciso estarmos já a fazer planos para que isso venha a acontecer. E é o que estamos neste momento a fazer".
Temos "contratualizado mais 9,5% de consultas externas do que em 2020" e mais "22% de cirurgias programadas do que em 2020", deu como exemplo Lacerda Sales. "Estes valores são os que estão contratualizados para 2021 com os hospitais [...] Não vai recuperar completamente (a queda com a pandemia), mas vai permitir recuperar mais 950 mil consultas e mais 83 mil cirurgias. São números significativos".
Sobre se há uma priorização nas doenças, para além da Covid, a que o SNS terá de dar atenção, o secretário de Estado apontou que "as doenças oncológicas são algo que nos preocupa muito, nomeadamente em termos de diagnóstico" e temos "um plano" para estas doenças. "Neste plano temos de consolidar convenções com o setor privado e social".
Mas e depois da Covid? O que ficará diferente no Serviço Nacional de Saúde? "Nós fizemos um reforço conjuntural, porque foi feito em função de uma necessidade imperiosa que foi a pandemia, mas penso que ficará, com certeza, de uma forma estrutural".
Durante o ano 2020, "colocámos mais oito mil profissionais no sistema. Com certeza que serão oito mil profissionais que continuarão a ser necessários", apontou Lacerda Sales, sublinhando ainda o aumento da testagem. O governante destacou também que foi "duplicada" a capacidade em UCI: "Em março de 2020, tínhamos 4,2 camas por 100 mil habitantes. Hoje, temos 9,4."
Testagem massiva vai começar "dentro de muito pouco tempo"
Quanto à testagem massiva, esta começará "dentro de muito pouco tempo", havendo ainda "processos a limar e a aperfeiçoar". "O número de dias poderá ser diferente em função dos contextos", exemplificou. Já sobre quem suportará os custos, o governante disse que esta "é ainda uma situação que estamos a ponderar e que teremos de decidir".
"Como compreende o Ministério da Saúde tem estado muito sobrecarregado do ponto de vista orçamental e de custos, mas nunca houve qualquer falta em termos de recursos do ponto de vista orçamental para o Ministério da Saúde", destacou.
Lacerda Sales afirmou ainda que, "hoje, a partir da meia-noite, o SNS 24 vai começar a fazer prescrição a contactos de baixo risco. Isto implicou uma definição de caso diferente e, portanto, por exemplo, o SNS 24 que tem evoluído, será um dos prescritores fortes nesta situação".
De recordar que, no final do encontro no Infarmed, a ministra da Saúde disse que a maior mobilidade registada na última semana pode indiciar um "relaxamento" no cumprimento das medidas restritivas devido à pandemia e apelou a que se mantenha o respeito pelo confinamento.
"Na última semana, o índice de mobilidade aumentou ligeiramente e este é um aspeto que deve suscitar atenção, na medida em que sabemos que os valores a que chegámos são valores que resultam de um esforço e, se esse esforço se inverter, voltaremos a atingir números de incidência e números de risco de transmissão que não são compatíveis com o que precisamos de garantir", afirmou Marta Temido.
A governante referiu também que "nada disto está adquirido e tudo depende de cada um de nós e das medidas combinadas", decorrendo daí a preocupação com "algum relaxamento sem nenhuma alternação legislativa".
Assistimos a uma tendência positiva de descida da #COVID19 em #Portugal. No entanto, o nível de incidência é ainda muito elevado, nomeadamente na utilização dos serviços de Saúde. As novas variantes são motivo de preocupação. Cumprir as regras é fundamental para vencermos o vírus pic.twitter.com/yppGCrhYrt
— António Costa (@antoniocostapm) February 22, 2021
Posteriormente, no Twitter, António Costa referiu que "assistimos a uma tendência positiva de descida", mas, ainda assim, acrescentou, "o nível de incidência é ainda muito elevado, nomeadamente na utilização dos serviços de Saúde. A par destas questões também "as novas variantes são motivo de preocupação", adiantou o primeiro-ministro.
Já o vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da 'task force' de vacinação contra a Covid-19, antecipou um possível aumento do ritmo de inoculações para 100 mil por dia e sublinhou que a imunidade de grupo pode ser alcançada em agosto.
"Há uma expectativa mais positiva relativamente ao segundo trimestre e muito mais positiva relativamente ao terceiro e quarto trimestres. Se estas expectativas de disponibilidades de vacinas se mantiverem e materializarem num futuro próximo, o período em que se pode atingir a imunidade de grupo - 70% - pode eventualmente reduzir-se relativamente ao fim do verão para passar para meados do verão, em volta de meados ou início de agosto", disse, no Infarmed.
[Notícia atualizada às 22h16]
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