Covid-19: IPSS e Misericórdias dos Açores rejeitam vacinações indevidas
Os representantes das instituições com lares de idosos nos Açores alegam que só receberam oficialmente o plano de vacinação contra a covid-19 após as primeiras administrações da vacina, mas rejeitam irregularidades no processo.
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País Covid-19
"Já estamos fartos de ser acusados de ter vacinado indevidamente as pessoas e não foi isso que ocorreu (...) Nós enviámos as listagens para quem nos pediu e a vacinação foi feita em acordo com aquilo que nós recebemos e aquilo que nós tínhamos de fazer", avançou o presidente da União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social (URIPSSA), João Canedo.
O presidente da URIPSSA e o presidente da União Regional de Misericórdias dos Açores (URMA), Bento Barcelos, foram ouvidos hoje, em audições separadas, na Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa dos Açores, por proposta do PS.
O Governo Regional determinou, no início de fevereiro, a realização de uma ação inspetiva ao processo de vacinação contra a covid-19 nos Açores, depois de terem surgido notícias que davam conta de suspeitas de irregularidades em algumas instituições.
Nos Açores foram considerados prioritários "profissionais e utentes das estruturas residenciais para pessoas idosas, casas de saúde e internados em cuidados continuados", onde a vacinação arrancou, no dia 31 de dezembro de 2020, nas ilhas de São Miguel e Terceira.
"A circular é datada do dia 30 de dezembro de 2020 mas, de facto, foi só a 05 de janeiro de 2021 que chegou uma publicação oficial da parte da Direção Regional da Solidariedade Social", avançou Bento Barcelos.
"A circular é do dia 30, nós só recebemos essa circular, através da Direção Regional da Solidariedade Social, no dia 05 de janeiro", corroborou João Canedo.
O presidente da URIPSSA disse que algumas instituições "optaram por vacinar as pessoas que estavam a fazer o teste à covid-19", mas admitiu que não se reuniu com outras IPSS, porque não tinha "muita informação" para transmitir.
João Canedo adiantou que, na altura, não tinham indicações sobre a vacinação de dirigentes, por isso, as instituições orientaram-se por uma comunicação da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), que, na sequência de um contacto com a Task Force nacional, indicou que "os dirigentes ativos deviam ser vacinados".
O presidente da URMA reconheceu que "houve acertos das listas até chegar à lista final ou oficial", mas sublinhou que essas listas foram "validadas pela Unidade de Saúde de Ilha".
Bento Barcelos admitiu que uma das misericórdias consultou o plano de vacinação no portal do Governo, no dia 30, mas disse que a maioria procurou informações junto das unidades de saúde.
"O processo de vacinação do dia 31 não fica penalizado pelo facto de ter chegado mais tarde a informação oficial a cada instituição", adiantou.
A interpretação feita pelos dois representantes é de que o plano prevê a vacinação de todos os funcionários das ERPI.
"Tivemos um informático que tinha de servir de condutor para levar as pessoas às consultas. Há pessoas que têm de ir à secretaria, porque os idosos têm de fazer os seus pagamentos. Todos nós estamos interligados dentro da instituição", afirmou João Canedo.
A Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, de que Bento Barcelos é provedor, foi uma das instituições sobre as quais recaíram suspeitas de vacinação indevida e a vice-provedora acabou por suspender funções e demitir-se do cargo de diretora regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, para o qual tinha sido entretanto nomeada.
O presidente da URMA disse que a instituição foi alvo de um "ataque feroz", mas garantiu estar "com a consciência tranquila".
"Estamos convictos de que tudo foi feito no cumprimento da legalidade, potenciando a capacidade da vacinação instalada", frisou.
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