Vários especialistas de diversas áreas estão a apresentar, esta segunda-feira, dia 8 de março, a situação atual da pandemia da Covid-19 em Portugal, aos decisores políticos numa reunião que decorrerá por videoconferência a partir das instalações do Infarmed, em Lisboa.
Este encontro, em que participam o Presidente da República, o primeiro-ministro e representantes partidários, decorre na semana em que o Governo vai apresentar, no dia 11, o plano de desconfinamento, que o chefe do Governo já adiantou que será gradual, progressivo e diferenciado em termos de abertura de atividades.
A 17.ª reunião sobre a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal decorre numa altura em que está em vigor o 10.º segundo período de estado de emergência, que termina a 16 de março.
"Tendência de descida" em Portugal (menos na Madeira)
André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, começou por salientar que a incidência cumulativa a 14 dias por cem mil habitantes desceu para 141 casos por cem mil habitantes (números deste domingo).
Apesar da "melhoria" em praticamente todo o território, a região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) continua com números elevados, frisou o responsável.
O arquipélago da Madeira é única região que regista uma tendência de subida, neste momento.
Em relação à idade, os contágios descem em todas as faixas etárias. Até os mais de 80 estão com uma "incidência mais baixa".
Contudo, mantém-se o padrão de maior incidência nos grupos etários acima dos 80 e dos 60 anos.
Grupo etário com maior número de casos em UCI é dos 60 aos 69 anos
Nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) regista-se também uma descida, com o número de internados "semelhante à primeira semana de novembro".
O grupo etário com maior número de casos em UCI é agora o dos 60 aos 69 anos, o que André Peralta Santos explicou poder estar relacionado com a vacinação dos grupos com idades superiores aos 80 anos.
Na mortalidade mantém-se a mesma tendência de descida. Há, neste momento, uma taxa de 56 mortos por milhão de habitantes, o que é semelhante à terceira semana de outubro.
Apesar disso, o especialista alertou para o facto de Portugal ter, neste momento, uma maior prevalência da variante britânica, essencialmente, na região de LVT. "66% dos casos positivos nesta região e um crescimento na região Centro e no Norte, com uma prevalência superior a 50%", clarificou.
"Portugal tem o R mais baixo da Europa"
Já Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, revelou hoje que Portugal "tem o Rt [índice de transmissibilidade] mais baixo" da Europa.
O epidemiologista explicou que o valor médio do R é de 0,74 e está abaixo de 1 em todas as regiões do continente, ou seja, só é superior nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. "O índice de transmissibilidade apresentou o valor mais baixo a 10 de fevereiro", esclareceu ainda.
Contudo, apesar das "projeções positivas", Baltazar Nunes realça que os próximos passos deverão ter em conta também que "o R está a aumentar, a mobilidade também é há uma tendência de aumento da incidência ao nível dos países europeus".
Estimativa de 120 internados em UCI no final de março
Antes de terminar a sua intervenção, o especialista anunciou a previsão de "120 doentes em Unidades de Cuidados Intensivos", no final de março.
12 casos da variante da África do Sul e 11 da brasileira
Doze casos da variante da África do Sul e 11 da variante de Manaus já foram detetados em Portugal, mas "está tudo perfeitamente controlado" e grande parte dos casos já teve alta, revelou o investigador João Paulo Gomes, esta segunda-feira, no Infarmed.
Plano de resposta deve conter cinco níveis de medidas
O epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto Henrique Barros apresentou hoje um plano de resposta à pandemia de Covid-19 com cinco grandes níveis de medidas que consigam antecipar a evolução da infeção em Portugal.
O plano começa no nível 0, que contempla apenas medidas individuais não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento e lavagem das mãos, evolui para o nível 1, em que não são autorizadas reuniões com mais de 50 pessoas, prossegue no nível 2, em que se fecham cafés, restaurantes e o comércio, continua no nível 3, em que se interrompem atividades de ensino presencial secundário e superior, e, finalmente, terminam no nível 4, com a interrupção das atividades de ensino presencial no básico e creches.
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