AstraZeneca? Ex-ministro critica "desnorte" e decisões "em cascata"

Adalberto Campos Fernandes afirma que a forma como está a ser gerida a questão relativa à vacina da AstraZeneca "ilustra o desnorte e a falta de ligação entre os Estados-membros".

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Melissa Lopes
16/03/2021 09:20 ‧ 16/03/2021 por Melissa Lopes

Política

Pandemia

Esta segunda-feira Portugal juntou-se à lista de países que decidiram suspender a administração da vacina da AstraZeneca, apesar de não haver uma ligação entre a vacina e os casos reportados (a Agência Europeia de Medicamentos indicou, na quinta-feira, que não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco). 

"O dia de hoje [segunda-feira] trouxe-nos sinais contraditórios. No exato momento em que se iniciou o desconfinamento surgem notícias preocupantes sobre as vacinas e o processo de vacinação", começou  por apontar o ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, num comentário publicado nas redes sociais. 

Para o especialista em Saúde Pública, "a forma como esta questão tem sido tratada suscita maior perplexidade". "A Europa que, no início deste processo, tinha dado sinais promissores de coesão e de entreajuda, surge agora num emaranhado de contradições e de ineficácia", criticou, considerando que "assistimos a um quadro de fragmentação e de divisão entre os países sem que se vislumbre comando ou liderança".

O ex-governante vai mais longe ao afirmar que a "forma como está a ser gerida a questão relativa à vacina da AstraZeneca ilustra o desnorte e a falta de ligação entre os Estados-membros".

Adalberto Campos Fernandes sustentou que num tema tão sensível "seria fundamental centrar o processo de decisão nas autoridades científicas e regulamentares evitando, a todo o custo, a pulverização das decisões e a tomada de decisão em cascata". 

No seu entender, a forma como o tema está a ser tratado "causará um dano irreversível na credibilidade do processo comprometendo o indispensável clima de confiança". Sendo a "credibilidade o cimento da confiança",  os sinais da política "não podem fomentar a contradição nem mudar intempestivamente de um dia para o outro sob pena de se instalar a incerteza", defendeu. 

Rematando a análise, o ex-governante considerou "fundamental reagrupar a liderança, na União Europeia, centrando a decisão técnica e científica nas autoridades regulamentares comunicando decisões coerentes e alinhadas sem sobressaltos bruscos nem fundamentação difusa". 

De referir que os ministros da Saúde da União Europeia (UE) reúnem-se hoje, por videoconferência, para debater o "caminho a seguir" no combate à pandemia de Covid-19, numa altura de novas polémicas com a farmacêutica AstraZeneca por atrasos e problemas nas vacinas.

Leia Também: AO MINUTO: OMS discute vacina da AstraZeneca. "Que caminho seguir"?

 

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