Governo dos Açores quer implementar enfermeiro de família até 2022
O vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, adiantou hoje que a figura do enfermeiro de família será implementada na região até 2022, destacando a sua importância no apoio aos idosos não institucionalizados.
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País Governo dos Açores
"Garantidamente, é para ser implementado neste mandato. Eu até queria que se começasse a implementar já este ano. Não sei se será possível, mas seguramente em 2022 já começaremos com o enfermeiro de família", adiantou, em declarações aos jornalistas.
O governante, que tutela a área da Solidariedade Social nos Açores, falava em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião com dirigentes da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros.
Artur Lima, que é líder do CDS-PP nos Açores, lembrou que tinha já apresentado a proposta de criação do enfermeiro de família, quando era deputado da oposição, em 2012, criticando o que foi feito desde então.
"Não houve nunca um projeto piloto. Temos de ser verdadeiros nisso. Foi uma tentativa que houve, na altura, de minar o projeto do enfermeiro de família, porque não queriam que ele avançasse", criticou.
Os centristas vão apresentar novamente uma iniciativa parlamentar com vista à criação do enfermeiro de família, que já consta do programa de governo, do executivo da coligação PSD-CDS-PP, que tomou posse em novembro de 2020.
Para Artur Lima, esta figura será, sobretudo, um contributo para manter os idosos mais tempo em casa.
"O enfermeiro de família é uma peça fundamental e estruturante nesse apoio a dar ao idoso em casa e naturalmente queremos implementar esse projeto e contamos com a colaboração da Ordem", salientou, alegando que antes não existiu essa disponibilidade de colaboração por parte deste órgão.
Para o representante da Ordem nos Açores, Pedro Soares, é importante que se crie na região "a legislação necessária" para a implementação da figura do enfermeiro de família.
"Para nós deve haver uma adaptação daquilo que foi criado em 2015 a nível nacional e que ainda hoje apenas em alguns pontos do país é uma realidade", salientou, defendendo que essa adaptação tem de ser feita "ilha a ilha".
A secção regional da Ordem dos Enfermeiros está a fazer um levantamento das necessidades, mas acredita que será preciso contratar mais profissionais e deixa um apelo ao executivo açoriano para que contrate os jovens formados na região.
"Em julho, termina a formação de cerca de 90 enfermeiros nas escolas dos Açores e, à semelhança do que fizemos há um ano atrás, alertámos novamente o Governo que é importante a contratação efetiva destes meios. Os Açores não têm mais onde ir buscar recursos humanos, muito menos nesta altura pandémica", sublinhou.
O processo de implementação da figura do enfermeiro de família deverá ser gradual e cada enfermeiro deverá ter a seu cargo cerca de 400 famílias.
"Não podemos avançar em todas as ilhas ao mesmo tempo e vamos tentando perceber quais são as reais necessidades no terreno", explicou Pedro Soares.
A Ordem dos Enfermeiros vai retomar também as visitas, em conjunto com a Segurança Social, às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região para avaliar as condições de trabalho dos profissionais e os rácios de utentes por enfermeiro.
"Temos, por exemplo, um enfermeiro para 120 utentes numa noite. Isso é uma situação que nós, enquanto Ordem, não podemos de maneira nenhuma aceitar, porque está posta em causa a segurança dos próprios utentes e do enfermeiro. É mais um trabalho que vamos ter de fazer com a tutela que é adaptar à região as 'guidelines' nacionais e internacionais sobre isto", afirmou Pedro Soares.
Questionado sobre a necessidade de contratação de mais enfermeiros nas IPSS, Artur Lima disse que a situação será avaliada após o levantamento da Ordem.
"Quando tiver esse levantamento feito, de quantos são, de onde estão e de como estão, estamos disponíveis para nos sentarmos e fazermos um planeamento a médio prazo para suprimos as necessidades e prestarmos cada vez mais melhores cuidados aos nossos utentes", apontou.
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