"O nosso balanço pessoal é muito positivo. Chegámos com vários profissionais de saúde experientes. Embora a equipa tenha sido criada especialmente para esta tarefa, os nossos procedimentos padrão fizeram com que rapidamente nos tornássemos um grupo bem coordenado", disse à Lusa Andreas Vossen, porta-voz da equipa.
Esta equipa, a segunda a operar em Portugal, em substituição da que chegou no dia 03 de fevereiro, parte de volta à Alemanha na sexta-feira, um "regresso que marcará também o fim geral da missão", adiantou.
Inicialmente estava previsto que esta equipa fosse substituída, na semana passada, por uma terceira que ficaria em Portugal até ao fim do mês de março.
Cada comitiva alemã foi constituída por 26 profissionais de saúde, entre os quais oito médicos, tendo a primeira trazido 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e outras tantas camas hospitalares.
Segundo Andreas Vossen, durante a sua missão em Portugal, a equipa médica alemã tratou 16 pacientes infetados graves, a maioria deles durante várias semanas.
"Conseguimos tratar a grande maioria dos nossos pacientes tão bem que foi possível um regresso aos cuidados intermédios ou até mesmo terem alta hospitalar", afirmou, admitindo, contudo, que não se confrontaram com nenhum caso particularmente complicado que tenha suscitado maiores preocupações ou esforços.
Quanto a desafios, o porta-voz da equipa admitiu que é sempre desafiante "tratar pacientes de cuidados intensivos quando não há muito tempo para a preparação e o trabalho tem de ser feito num ambiente desconhecido".
"Mas o profissionalismo do nosso pessoal tornou isso possível", afirmou.
Em termos de aprendizagens para o futuro que retiram desta missão, Andreas Vossen ressalta "a forma adequada de comunicação", que foi "um dos principais fatores para o sucesso".
"A bondade e a ação médica cooperativa resolvem muitos problemas antes de eles surgirem", sublinhou.
Os profissionais de saúde alemães estão a trabalhar no Hospital da Luz, em Lisboa, desde 08 de fevereiro, tendo ficado responsáveis em exclusivo pela Unidade de Cuidados Intensivos.
Numa conferência de imprensa dada nesse dia, os médicos alemães especificaram que a ajuda dos profissionais de saúde portugueses ficaria restringida a questões relacionadas com traduções ou auxílio em aspetos técnicos como exames, por exemplo.
A segunda equipa chegou no dia 23 de fevereiro.
O processo de auxílio alemão a Portugal arrancou em 25 de janeiro, na sequência de um pedido de ajuda da ministra da Saúde, Marta Temido, à ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer.
Na altura, a ministra da saúde justificou a opção de colocar a equipa de médicos militares alemães no Hospital da Luz com a possibilidade de poderem trabalhar todos juntos nas mesmas instalações.
A explicação foi dada por Marta Temido durante uma comissão parlamentar, em resposta a uma pergunta do Bloco de Esquerda sobre o motivo por que os clínicos alemães não tinham sido colocados numa unidade do Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com a ministra, o Hospital da Luz dispunha de instalações, mas não de profissionais de saúde.
A pandemia de covid-19 fez 16.814 mortos em Portugal, resultantes de 819.210 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.