Tânia Reis, advogada de defesa de Rosa Grilo, e João de Sousa, o consultor forense por esta contratado, renunciaram à defesa da viúva do triatleta Luís Miguel Grilo.
Em declarações à TVI24, dadas por ambos esta manhã, a advogada referiu que após terem estado a "consultar os autos nos quais somos acusados e, na sequência disso e do que vimos, temos a dizer que a equipa de defesa da dona Rosa vem renunciar aqui publicamente à continuação da sua defesa por quebra total de confiança com a cliente".
De recordar que Tânia Reis e João de Sousa foram acusados pelo Ministério Público de simulação de crime, posse de arma proibida e favorecimento pessoal.
Em causa está a cápsula de um projétil encontrada numa banheira da casa de Rosa Grilo, que, segundo a acusação, foi uma prova plantada pela defesa com o objetivo de lançar a dúvida junto do tribunal que julgava o homicídio do triatleta Luís Grilo.
Segundo descreve a acusação, os agora arguidos "tomaram a posse de dois invólucros já deflagrados de calibre 7,65 mm e ainda de dois fragmentos de projétil de arma de fogo" e, na posse de tais objetos, gizaram um plano que pudesse vir a alterar o rumo processual do julgamento" para Rosa Grilo, mulher de Luís Grilo.
"Decidiram, assim, os arguidos criar nova matéria probatória que tivesse de ser apreciada por parte do Tribunal, prolongando o julgamento e alterando a perceção dos factos em análise, permitindo, assim, atingir-se o prazo máximo de prisão preventiva e consequente libertação da cliente dos arguidos, Rosa Grilo, bem como a sua absolvição", pode ler-se na acusação do MP.
De recordar que o Supremo Tribunal de Justiça negou, esta quinta-feira, provimento aos recursos apresentados pelas defesas de Rosa Grilo e de António Joaquim, mantendo a decisão da Relação de Lisboa, que condenou ambos a 25 anos de prisão pelo homicídio de Luís Grilo.
A defesa de Rosa Grilo tinha revelado ontem que iria recorrer da decisão para o Tribunal Constitucional. "A defesa não esperava decisão diferente, ainda que pragmática e racionalmente, de forma científica, fosse possível haver uma decisão diferente. Mas estamos em Portugal e o sistema não está habituado as estas coisas", disse, em declarações à Lusa, João de Sousa, perito forense da equipa de defesa de Rosa Grilo.
Já a defesa de António Joaquim afirmou que vai recorrer para o Constitucional e para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) da condenação a 25 anos de prisão. "Iremos analisar os fundamentos constantes da decisão - com a qual discordamos - iremos recorrer da mesma para o Tribunal Constitucional e para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem por forma a demonstrar a não culpabilidade do nosso cliente pelos factos de que foi acusado", referiu o advogado de António Joaquim, em nota enviada à agência Lusa.
António Joaquim e Rosa Grilo, que mantinham uma relação extraconjugal, foram acusados e julgados pela coautoria do homicídio de Luís Grilo, ocorrido em julho de 2018, na casa do casal, nas Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa.
O crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500 mil euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
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