Covid-19: Confissões religiosas ajudam a atenuar dificuldades

Várias confissões religiosas têm mitigado os efeitos da pandemia de covid-19, ao procurarem dar resposta ao aumento dos pedidos de ajuda por parte de pessoas das comunidades que viram as suas dificuldades agravarem-se no último ano.

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Lusa
28/03/2021 09:27 ‧ 28/03/2021 por Lusa

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Covid-19

 

Com a cantina e o salão de festas fechados, tal como o templo, a Comunidade Hindu de Portugal ficou sem as principais fontes de receita e a gestão tornou-se mais difícil, conta o seu presidente, Kiritkuman Bachu.

Numa altura em que a pandemia aumentou as dificuldades, "muitas pessoas enviam mensagem a dizer que precisam de emprego", sublinhou.

Parte significativa dos pedidos de ajuda chega de gente que "geralmente trabalha no comércio" e, quando é possível, procura-se encaminhar as pessoas para quem lhes dê resposta.

"A comunidade tenta ajudar o melhor possível, mas não tem fundos, porque vive de donativos e de trabalho voluntário", salienta Kiritkuman Bachu, que afirma que o apoio prestado "nunca é suficiente".

Mensalmente são oferecidos cabazes, com cerca de 800 a mil quilogramas de alimentos, a entidades que depois os distribuem por pessoas em situações de carência, não necessariamente hindus, "porque o lema do hinduísmo é ajudar a todos", um programa anterior à covid-19.

A comunidade, que cedeu as suas instalações para o funcionamento de um centro de vacinação, era composta inicialmente por hindus provenientes de Moçambique, mas tem vindo a crescer nos últimos anos, fruto da imigração, nomeadamente de países orientais, como o Nepal, e conta atualmente com cerca de 40 mil a 50 mil pessoas, segundo o líder.

Entre os judeus, o vírus foi também o causador de adversidades na vida de algumas famílias.

"Infelizmente, o estigma dos judeus ricos é só estigma. Temos muitos elementos da comunidade que estão em sérias dificuldades", refere o presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, José Carp, à agência Lusa.

Idosos com pensões baixas, ou famílias que perderam o emprego, são casos de pessoas em dificuldade que chegam por telefone ou email, por vezes sinalizadas por amigos.

"Temos notado um agravamento devido à pandemia", salienta José Carp. A assistência é feita pela organização de beneficência Somej Nophlim, quer no apoio alimentar, de bens ou visitando pessoas isoladas.

A presidente da Somej Nophim, Susana Arié, constata um aumento de casos, desde o primeiro confinamento, na "pequena comunidade".

Além de idosos que voluntários acompanham à rua, ou ao médico, há famílias que recebem alimentos ou dinheiro para pagar despesas, por a covid-19 as ter obrigado a parar a atividade laboral.

"Eram pessoas que estavam no ativo antes da pandemia, por exemplo no turismo, ou são prestadores de serviços em profissões agora paradas, e que recorreram a nós", explica a responsável da organização de beneficência judaica, que presta apoio "pontual ou regular".

Nas congregações das Testemunhas de Jeová, quando se percebe "que alguém está com alguma necessidade pontual, o auxílio é prestado por outros membros, localmente, "de forma muito imediata, direta e anónima", informa o porta-voz na região de Lisboa e Vale do Tejo, José Catarino, enfatizando a importância de se manifestar "o amor ao próximo através de ações".

Segundo o porta-voz, por esses assuntos serem resolvidos de forma "discreta e particular", é impossível quantificar as necessidades supridas, normalmente em contexto de doença ou redução de rendimentos. As Testemunhas de Jeová ajudam também quem não está familiarizado com procedimentos burocráticos a preencher documentação e a encaminhar para "as autoridades que têm prestado apoio social".

Uma das preocupações tem sido o impacto do isolamento e daí o contacto regular com os fiéis através dos diferentes meios de comunicação, porque "emocionalmente, as palavras dão conforto", reforça José Catarino, membro da confissão religiosa com 52.500 elementos em Portugal.

Os dois primeiros casos de pessoas infetadas em Portugal com o novo coronavírus foram anunciados em 02 de março de 2020, enquanto a primeira morte foi comunicada ao país em 16 de março. No dia 19, entrou em vigor o primeiro período de estado de emergência, que previa o confinamento obrigatório, restrições à circulação em Portugal continental e suspensão de atividade em diversas áreas.

A suspensão ou restrição de atividade em variados setores, como restauração, comércio, turismo e cultura, entre outros, elevou o número de falências em Portugal, agravou situações de precariedade laboral e provocou aumento do desemprego.

Leia Também: Declaração de políticos sobre associações "viola liberdade religiosa"

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