O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje que, conforme previsto no plano inicial de desconfinamento na educação, as escolas do 2.º e 3.º ciclo, encerradas desde 22 de janeiro devido à pandemia da covid-19, vão mesmo reabrir na segunda-feira, juntando-se assim ao pré-escolar e 1.º ciclo.
A notícia foi recebida sem grande surpresa pelos pais e diretores escolares, mas com o entusiasmo de quem há muito anseia o regresso ao ensino presencial, que todos consideram insubstituível.
"É uma boa novidade, claro que sim. Temos consciência que nada pode substituir o aluno em sala de aula na presença do seu professor, e este tempo de ensino a distância provou que é possível trabalhar à distância, mas não por muito tempo", disse à Lusa o presidente Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira.
De acordo com Manuel Pereira, a vontade de regressar à escola é partilhada por todos: professores, alunos e famílias. E os representantes dos pais confirmam-no.
"É um desejo de todos os pais que os filhos regressem à escola. O ensino presencial é fundamental para as aprendizagens decorrerem e para não pôr em causa o ano letivo", relatou Rui Martins, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE).
Já da parte das crianças e dos jovens, o principal desejo é rever os colegas, conta o presidente de outra confederação.
"Podemos ver, nas escolas do 1.º ciclo e do pré-escolar, a alegria com que as crianças vão brincando, e os mais velhos também estão ansiosos por se poderem ver e estar uns com os outros, e até com os professores", disse o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção.
Depois dos alunos do 2.º e 3.º ciclo, o plano de desconfinamento do Governo prevê que no dia 19 de abril seja a vez das escolas secundárias reabrirem, e a esperança dos pais e dos diretores é que, à semelhança do que aconteceu hoje, também daqui a duas semanas o primeiro-ministro confirme esse regresso.
Com a mesma confiança que têm vindo a depositar nas escolas como lugares seguros, os representantes de ambos deixam, por outro lado, um pedido ao resto da sociedade: que não baixe a guarda.
"As escolas são lugares seguros, a vacinação dos nossos professores e os testes em massa que têm ocorrido vão tornar as escolas lugares ainda mais seguros, mas não podemos baixar a guarda", sublinhou Filinto Lima, apelando à responsabilidade da sociedade.
Para o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), a pandemia da covid-19 está "longe de ser ultrapassada" e é preciso que todas as pessoas tenham essa consciência.
"Isto é uma figura de estilo, mas às vezes apetecia-me meter a sociedade dentro da escola", disse, considerando que se todos fossem tão cuidadosos e cumpridores como a comunidade educativa, dentro dos estabelecimentos de ensino, "seria muito positivo".
Também Jorge Ascenção, da Confap, deixou o mesmo apelo, sublinhando que as escolas, por muito seguras que sejam, não estão isoladas e, por isso, é muito importante que todas as pessoas contribuam para que o desconfinamento possa continuar conforme previsto e que não volte a ser necessário regressar ao ensino a distância.
O regresso dos alunos do 2.º e 3.º ciclo, assim como as Atividades de Tempos Livres (ATL) dirigidas a esses estudantes, é uma das medidas que entram em vigor em 5 de abril.
Estes estudantes juntam-se assim às crianças das creches, pré-escolar e do 1.º ciclo que foram os primeiros a regressar às suas escolas, em 15 de março.
O regresso dos alunos do secundário e do ensino superior ao ensino presencial é uma das medidas previstas para a terceira fase de desconfinamento, com início no dia 19 de abril.
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