Cerca das 15h00, duas aeronaves saíram do aeródromo do Viseu rebocando faixas com a inscrição "Cristo ressuscitou, aleluia!" e, pouco depois, já havia no centro histórico quem esperasse ver uma delas.
"Este ano, voltamos a não poder receber Cristo em nossa casa. Esta ideia dos aviões é complemente original e muito importante para quem é católico", disse à agência Lusa Ana Costa, que caminhava junto à Sé com o marido, Luís Silva.
Também Isabel Santos decidiu ir passear para o centro da cidade com o marido e os dois filhos, num dia de Páscoa completamente diferente do que costumam viver.
"Moramos numa aldeia, em Santos Evos, e temos a visita pascal. O padre ainda vai às casas e depois visitamos as casas todas dos nossos familiares e conhecidos", contou Isabel Santos, acrescentando que, não sendo isso possível este ano, esperam receber a bênção pelo ar.
O padre Cristóvão Cunha explicou que, com esta iniciativa, a Diocese de Viseu pretende "que as pessoas possam receber uma mensagem de esperança nestes momentos difíceis", em que não se pode fazer a visita pascal, devido à covid-19.
"Muitas pessoas sem retaguarda familiar veem-se privadas dos familiares que não podem vir do estrangeiro, nem dos concelhos onde estão, por haver essa proibição. É uma maneira de estarmos com elas", frisou.
Também para Cristóvão Cunha, este é um dia de Páscoa diferente, em que conseguiu conciliar as suas duas grandes paixões: os aviões e o sacerdócio.
O padre, que conta já com 60 horas de voo, tripula um dos dois aviões do Aeroclube de Viseu que servem de guia aos outros dois que transportam as faixas.
"Os pilotos não são de cá, costumam fazer reboque de manga mas é na linha de costa, para efeitos publicitários. Por isso, era importante que fossem aviões batedores a indicar-lhes o caminho", explicou.
João Zuzarte, vigário da pastoral da Diocese de Viseu, referiu a "carga simbólica" desta iniciativa, que partiu dos padres, em comunhão com o seu bispo: "Escolhemos esta mensagem 'Cristo ressuscitou, aleluia!', porque é aquela que está no ADN do cristianismo e sintetiza todo o mistério de Cristo que ressuscita".
"Hoje é o dia da festa da vida, da festa mãe de todas as festas e, por isso, quisemos passar esta mensagem para chegar ao maior número de pessoas no território da diocese, por forma a que as famílias nos seus lares possam viver esse espírito", frisou.
Os paroquianos foram avisados da iniciativa, quer durante as últimas missas, quer pelos meios de comunicação social, de forma a poderem estar preparados para olhar para o céu.
"É esse o objetivo, olharmos hoje para cima, para este Cristo que veio para nos levantar", afirmou.
Foi proposto às paróquias que, quando as aeronaves passarem -- o que acontecerá até às 19:00 --, toquem os sinos das igrejas.
"Há esse sinal do sino a tocar, para dar essa alegria e para sinalizar. Aquilo que habitualmente fazíamos nas visitas pascais, andar de casa em casa, fazemo-lo a partir do ar", acrescentou.
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