Hélder Mota Filipe, ex-presidente do Infarmed, sublinhou, esta quarta-feira, que os benefícios da vacina da AstraZeneca superam os possíveis riscos, reiterando a posição divulgada hoje pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), a propósito dos casos de tromboses ocorridos após a toma da referida vacina.
"É bom que o conheçamos [efeito adverso], que o tenhamos em consideração, mas temos de ter a noção que a vacina continua a ter, de um longe, um benefício maior para a saúde, que compensa os riscos", defendeu o antigo responsável, em declarações à TVI24.
Hélder Mota Filipe vincou também que é necessário, "para que as pessoas tenham um julgamento adequado do processo", que se compreenda que as tromboses reportadas na sequência da toma desta vacina são "efeitos adversos muito, muito raros".
"Estamos a falar de menos de 90 casos notificados em mais de 25 milhões de pessoas vacinada. Conseguimos imaginar como é raro este evento", argumento o especialista.
O ex-presidente do Infarmed garantiu também que a descoberta de efeitos secundários de um certo fármaco depois de já estar a ser administrado à população é um fenómeno comum.
"Este processo não é raro, todos os medicamentos têm efeitos adversos e quando chegam ao mercado os efeitos adversos que não tinham sido verificados nos ensaios clínicos por serem muito, muito raros - e gostava de sublinhar que é disso que estamos a falar neste caso - podem aparecer quando o medicamento é exposto a milhões de pessoas", justificou.
Mais, para Hélder Mota Filipe, a identificação, neste momento, de efeitos adversos "mostra que o sistema está a funcionar".
"Conseguiu-se identificar este efeitos adversos muito raros e, portanto, neste momento, conhecemos mais sobre a vacina", rematou.
A EMA voltou a fazer uma conferência, esta quarta-feira, sobre a vacina da AstraZeneca, na qual indicou que existe uma "possível relação" entre a vacina e a formação de "casos muito raros" de coágulos sanguíneos, mas que "é muito rara", pelo que "os benefícios globais da vacina superam os riscos de efeitos secundários".
Entretanto, a presidência portuguesa do conselho da UE esteve reunida durante a tarde de hoje num encontro de urgência dos ministros da Saúde, por videoconferência, para debater as conclusões dos peritos sobre os eventuais riscos associados à vacina AstraZeneca contra a Covid-19.
No final da reunião, em comunicado, a presidência portuguesa alertou os Estados-membros que "decisões individuais afetam todos" relativamente ao uso da vacina em causa, pedindo uma "posição o mais coordenada possível" entre os 27.
Leia Também: Portugal alerta países que decisões sobre AstraZeneca "afetam todos"