Decisão sobre 2ª toma da vacina da AstraZeneca é "médica"

Marta Temido disse esta sexta-feira esperar que rapidamente haja informação complementar sobre os riscos efetivos da vacina da AstraZeneca que permitam "afinar o critério para a exclusão" da utilização deste fármaco. Governante acentuou também que a vacinação continua a ser a melhor resposta à Covid-19.

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© Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images

Melissa Lopes
09/04/2021 11:55 ‧ 09/04/2021 por Melissa Lopes

País

Marta Temido

A ministra da Saúde disse, esta sexta-feira, que a decisão sobre a segunda toma da vacina da AstraZeneca, em pessoas com menos de 60 anos, "é uma decisão muito importante, que tem que ser técnica, é como ir ao médico". 

"Tomei a primeira a dose da vacina da AstraZeneca. Tenho 47 anos. Vale a pena dizer que todos fizemos tudo o que na altura o médico entendeu melhor para nós", defendeu, em declarações aos jornalistas em Odemira, numa visita para acompanhar o processo de testagem à Covid-19 de trabalhadores agrícolas. 

"A Agência Europeia fez uma orientação geral e disse que a vacina continua a ser segura e eficaz e que vale a pena tomá-la. Considerando uma análise de riscos e benefícios, nalguns contextos, as autoridades nacionais têm que ver se pretendem fazer uma adaptação ou não". 

A comissão técnica da vacinação contra a Covid-19 da DGS tem agora nas mãos, "de acordo com evidência disponível, de determinar qual a melhor escolha para o nosso contexto", disse, manifestando confiança nos peritos. 

"Nunca saberemos tudo sobre um fenómeno novo"

Questionada sobre como é que se pode transmitir confiança aos portugueses numa altura em que se admite que não se sabe tudo sobre a vacina, a ministra disse "nunca saberemos tudo sobre um fenómeno novo, que é uma doença nova, para qual a melhor resposta continua a ser a vacinação".

Marta Temido defendeu que há que "assumir" e "falar frontalmente às pessoas". "Da mesma forma que pedimos para que fiquem em casa e para se protegerem usando a máscara, agora dizemos aquilo que sabemos sobre esta situação: a vacina é segura e é eficaz, pode haver um risco absolutamente raro num determinado grupo etário e, por isso, as nossas autoridades (...) optaram por fazer esta restrição". A ministra frisou também que a Ciência leva o seu tempo e que "temos de acompanhar esse tempo, falando sempre verdade". 

Aguarda-se informação complementar para "afinar critérios de exclusão"

Marta Temido afirmou que "os países estão todos alinhados no reporte de eventuais reações adversas (...) E aquilo que a EMA nos referiu foi que há uma forte probabilidade de associação entre alguns efeitos extraordinariamente raros e a toma de vacinas em determinados grupos etários".

Perante isso, procurou-se que "os países tivessem a mesma posição em termos daquilo que é a interpretação dos efeitos extraordinariamente raros e alinhassem pela mesma posição", o que "não foi possível conseguir" no que toca às idades.

Os peritos nem sempre estão todos de acordo, este é um caso que mostra exatamente isso

"Agora temos de continuar a trabalhar no sentido de conseguir entendimentos técnicos relativamente a outros aspetos. Os peritos nem sempre estão todos de acordo, este é um caso que mostra exatamente isso. Na falta de melhor informação, alguns países optaram por suspender a administração da vacina abaixo dos 60 anos, esperando que rapidamente haja informação complementar sobre os riscos efetivos de sub-grupos deste grupo que  que permitam afinar este critério para a exclusão da vacinação", declarou a ministra. 

As autoridades de saúde portuguesas recomendaram esta quinta-feira a administração da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 em pessoas acima dos 60 anos de idade, seguindo a decisão de mais de uma dezena de países, que introduziram também restrições etárias.

"A Direção-Geral da Saúde recomenda, até estar disponível informação adicional, a administração da vacina da AstraZeneca a pessoas com mais de 60 anos. O plano de vacinação é ajustado para garantir que todas as pessoas são vacinadas com a vacina que protege", afirmou.

Graça Freitas apelou ainda às pessoas que já receberam a primeira dose da vacina para que se "mantenham tranquilas", uma vez que as reações adversas que foram notificadas são "extremamente raras".

"No entanto, nos 07 a 14 dias após a administração da vacina, devem estar atentas a sintomas como dores de cabeça persistentes, hematomas, manchas vermelhas na pele e sintomias semelhantes a um a AVC. Nestes casos, devem contactar de imediato o médico", referiu a responsável da DGS.

Em relação à toma da segunda dose da vacina da AstraZeneca, a diretora-geral considerou que quem já recebeu a primeira toma deve manter-se também "calmo e confiante".

"Entre a primeira e a segunda dose, decorrem cerca de três meses. Esta vacina tem um intervalo entre doses que é grande. Nestes três meses vamos ter informação adicional, quer da firma produtora, quer da Agência Europeia do Medicamento (EMA), e agiremos em conformidade", assegurou Graça Freitas.

Vários países já decidiram, entretanto, traçar limites e não administrar a vacina da AstraZeneca abaixo de certas idades por uma questão de segurança: 30 anos no Reino Unido, 55 anos em França, Bélgica e Canadá, 60 anos na Alemanha, Itália e nos Países Baixos ou 65 anos na Suécia e na Finlândia.

Mais de 72 mil testes num dia

Sobre a testagem, a governante sublinhou "os esforços que se estão a fazer", referindo que o exemplo de Odemira mostra a capacidade das várias entidades se juntarem num projeto de resposta à população.

De acordo com Marta Temido, o dia de ontem foi o 11.º dia com mais testes feitos desde o início da pandemia. "Conseguimos ontem voltar a ficar acima dos 70 mil testes, ultrapassamos os 72 mil testes", disse, recordando que o pico de diagnósticos aconteceu a 22 de janeiro, com 77 mil testes, no pico da pandemia.

Leia Também: AO MINUTO: Há fenómeno novo e "vacinação continua a ser melhor resposta"

 

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