"Se justiça mantiver a distância". Ricardo Salgado será absolvido

O advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, disse que, "se a justiça mantiver a distância necessária em relação a tanta coisa que se diz, sem se saber o que se está a dizer", o ex-banqueiro será absolvido.

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Lusa
09/04/2021 18:41 ‧ 09/04/2021 por Lusa

País

Operação Marquês

"O processo não termina aqui como é evidente e a nossa confiança mantém-se igual. Se a justiça mantiver a distância necessária em relação a tanta coisa que se diz, sem se saber o que se está a dizer, o meu cliente será absolvido", referiu à saída do Campus da Justiça, em Lisboa, onde decorreu a leitura da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa que decidiu levar Salgado a julgamento por três crimes de abuso de confiança.

Questionado sobre o recurso do Ministério Público da decisão instrutória de Ivo Rosa, o advogado disse não ter receio da decisão do Tribunal da Relação.

"Não tenho receio, vamos seguir o processo com toda a serenidade e com toda a confiança. Eu tenho muito orgulho em ser advogado de quem sou, tenho muita confiança no meu cliente e espero que ele consiga, até ao fim, mostrar a sua inocência, de que não tenho dúvidas", afirmou Proença de Carvalho.

O advogado de Ricardo Salgado disse que nunca ficará surpreendido "que um juiz diga o óbvio" e admitiu sair da leitura da decisão instrutória "com satisfação", uma vez que "a justiça começa a ser feita de alguma maneira".

"A imagem da justiça será sempre valorizada quando os juízes julgarem com os factos, com as provas e com o direito e, portanto, só assim é que a imagem da justiça será valorizada, independentemente de tudo aquilo que as pessoas que não fazem a mais pequena ideia que está neste processo dizem", sublinhou.

Já José António Barreiros, advogado de Zeinal Bava, ex-presidente executivo da PT que foi ilibado de todos os crimes de que estava acusado, explicou aos jornalistas que a defesa argumentou que o gestor não poderia ser acusado, porque não tinha estatuto de funcionário da empresa, razão esta que foi acolhida pelo juiz Ivo Rosa.

"Tudo se passava na SGPS e a SGPS não era concessionária do serviço público. O Tribunal acolheu esta razão e, portanto, tudo caiu a partir daí", esclareceu.

Ricardo Salgado estava acusado de 21 crimes de corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.

O ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES) Ricardo Salgado vai ser julgado por três crimes de abuso de confiança no caso Operação Marquês, por decisão do juiz Ivo Rosa no despacho final da fase de instrução, sendo ilibado dos restantes crimes que lhe eram imputados.

O ex-presidente da PT Henrique Granadeiro e o ex-presidente executivo da empresa Zeinal Bava foram ilibados de todos os crimes de que estavam acusados.

A decisão hoje lida no Campus da Justiça, em Lisboa, iliba Henrique Granadeiro de oito crimes: corrupção passiva (um), branqueamento de capitais (dois), peculato (um), abuso de confiança (um) e fraude fiscal qualificada (três).

Zeinal Bava foi ilibado de cinco crimes: corrupção passiva (um), branqueamento de capitais (um), falsificação de documento (um) e fraude fiscal qualificada (dois).

No processo da Operação Marquês estão em causa 189 crimes económico-financeiros, sustentando a acusação que José Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2005 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses de Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo (GES) e na PT, bem como para garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento turístico Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios, nomeadamente fora do país, do Grupo Lena.

[Notícia atualizada às 19h10]

Leia Também: Operação Marquês: Ministério Público vai recorrer da decisão instrutória

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