"A vacinação terá dois ramos: O maioritário, composto por faixas etárias decrescentes, e outro no qual serão vacinadas pessoas que apresentem doenças associadas a risco para covid-19 grave, que não têm uma relação com a idade", adiantaram hoje à Lusa a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a task force que coordena o plano.
Segundo as mesmas fontes, neste segundo grupo serão incluídas as pessoas mais novas com patologias e que beneficiam de ser vacinadas prioritariamente, como, por exemplo, as transplantadas e com doenças neuromusculares, entre outras doenças que estarão previstas na atualização da respetiva norma da DGS.
De acordo com a DGS e a task force liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo, a vacinação por faixas etárias decrescentes, recomendada pela Comissão Técnica de Vacinação, é um "critério válido" do ponto de vista de saúde pública num "cenário de abundância de vacinas", já que a idade avançada é um dos principais fatores de risco para a covid-19 grave.
"Por outro lado, grande parte das doenças associadas a maior risco de internamento e morte por covid-19 têm também um padrão etário - são tanto mais frequentes quanto maior for a idade -, como é o caso da diabetes tipo 2 e da hipertensão arterial", explicaram as mesmas fontes.
Nesse sentido, e de acordo com a DGS e a task force, uma "vacinação rápida por faixas etárias decrescentes" permite também a vacinar as pessoas com grande parte das doenças identificadas inicialmente para a fase 2 do plano de vacinação.
A DGS e a task force salientaram ainda que a fase 1 do plano, que arrancou em 27 de dezembro de 2020, foi definida com base num cenário de escassez de vacinas, o que obrigou a uma estratégia de atribuir prioridade às pessoas com maior risco e vulnerabilidade de contrair a infeção por SARS-CoV-2 e cuja vacinação poderia em evitar a mortalidade e internamentos por covid-19.
A fase 2 tinha sido definida, inicialmente, como de transição de escassez para suficiência de vacinas e a fase 3, a última do plano, para ser implementada num cenário de abundância de vacinas.
"Esta transição será mais rápida do que inicialmente previsto. Verificando-se que a passagem de um cenário de escassez se fará muito rapidamente para um cenário de abundância, impõe-se uma adaptação da estratégia vacinal que tinha sido definida", asseguraram as duas entidades.
A DGS e a `task force´ perspetivam que os grupos prioritários incluídos no critério "salvar vidas" da fase 1 do plano, para reduzir os internamentos e a mortalidade, estejam quase todos vacinados esta semana.
Caso alguma administração regional de saúde termine a fase 1 com dias de antecedência e exista disponibilidade de vacinas, inicia-se imediatamente a fase 2 do plano, adiantaram as duas entidades, que preveem que o processo de auto agendamento para vacinação esteja disponível até final deste mês no portal covid-19 do Ministério da Saúde.
Para este novo impulso na vacinação, Portugal deve receber neste segundo trimestre perto de nove milhões de vacinas, distribuídas por 4.137.503 doses da Pfizer, 794.968 doses da Moderna, 1.600.000 doses da AstraZeneca, 1.248.828 doses da Janssen, 733.333 doses CureVac e 349.662 doses da Novavax.
Na quinta-feira, devem chegar a Portugal as primeiras 31.200 vacinas de toma única da Janssen (Johnson & Johnson), estando previsto até ao final de abril que sejam entregues um total de 86.400 doses desta farmacêutica.
Este calendário poderá, no entanto, ser comprometido pelo anúncio feito hoje pela Johnson & Johnson de que tomou a decisão de "atrasar a distribuição" da sua vacina contra a covid-19 na Europa, após as autoridades norte-americanas terem recomendado "uma pausa" no seu uso nos EUA.
O Centro para Controlo e Prevenção de Doenças e a Food and Drug Administration (entidade reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) anunciaram hoje, numa declaração conjunta, estar a investigar coágulos sanguíneos detetados em seis mulheres nos dias a seguir a terem tomado a vacina desta farmacêutica, em combinação com contagens de plaquetas reduzidas.
A farmacêutica norte-americana disse que está a aguardar resultados de estudos feitos pelas autoridades de regulação e controlo, antes de proceder à distribuição das suas vacinas de dose única na Europa, admitindo as suspeitas sobre os casos de coágulos sanguíneos.
Até ao momento, apenas as vacinas da Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen têm autorização da Agência Europeia do Medicamento, estando as outras duas ainda em avaliação continua pelos especialistas do regulador europeu.
A revisão contínua é uma ferramenta regulatória que a EMA usa para acelerar a avaliação de um medicamento promissor durante uma emergência de saúde pública, como é o caso da pandemia da covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.947.319 mortos no mundo, resultantes de mais de 136,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.923 pessoas dos 828.173 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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