Os protestos vão acontecer em Lisboa, Porto, Évora, Braga, Caldas da Rainha, Faro, Covilhã e Coimbra sob o lema "É hora de avançar, a propina tem de acabar", e a Associação de Estudantes (AE) da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR) foi uma das impulsionadoras.
A presidente daquela AE, Margarida Patrocínio, explicou à Lusa que têm recebido muitas queixas relativas às propinas, que "impedem os alunos de saber as suas notas ou de se inscreverem em disciplinas dos semestres seguintes caso não tenham os pagamentos em dia".
No limite, acrescentou, houve estudantes que tiveram de "deixar o curso por acabar porque os custos das propinas juntavam-se aos da renda, transportes e comida" e a situação deixou de ser sustentável.
A AE ESAD.CR está a contar com a participação de "20 a 50 alunos" na concentração das Caldas da Rainha, mas espera que a adesão seja ainda maior.
Também em Lisboa deve haver uma "boa adesão e um número de estudantes como já não se vê há muito tempo", de acordo com o membro da direção da AE da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), João Carvalho.
O estudante da Universidade Nova de Lisboa defende que "a propina tem sido o principal meio de desigualdade no acesso ao ensino superior" e que os casos reportados à associação, de forma anónima, provam que a covid-19 veio agudizar as desigualdades.
"Um inquérito que realizámos no início do segundo confinamento dá conta que quase 30% dos estudantes se queixam que os custos no acesso ao ensino superior se agravaram em função da pandemia", contou à Lusa.
A ideia de que "um ensino superior público, democrático e gratuito é necessário" este ano, mas que já o era antes e vai continuar a ser no futuro, é partilhada pelos dois estudantes.
"Queremos dizer ao Governo que é imperativo acabar com a propina. É preciso, para desenvolver o país e o futuro, uma política diferente para o ensino superior que atenue e apague estas desigualdades. Isso passa também por investir mais na ação social, bolsas e residências", finalizou João Carvalho.
Na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), a pandemia da covid-19 também agravou as dificuldades dos estudantes, que lamentam a falta de resposta da instituição e do Governo e, por isso, a Associação de Estudantes (AE) não hesitou em acompanhar a iniciativa.
"Quando a AE ESAD.CR nos contactou para abrir o diálogo sobre a condição em que os estudantes se encontravam, vimos que havia problemas transversais a todas as faculdades", explicou à Lusa a vice-presidente da AE FBAUP, Beatriz Félix.
Nesta faculdade do Porto, à semelhança de outras, os alunos sentem que as condições de ensino pioraram, enquanto as propinas se mantiveram e as dificuldades socioeconómicas das famílias se agravavam.
"Muitos estudantes mostram dificuldade em conseguir dar resposta às despesas da faculdade, não só a propina, mas também com todo o material que nos é exigido", relatou Beatriz, acrescentando que a AE nota também os efeitos da pandemia na saúde mental dos alunos.
Sobre o protesto de quarta-feira, a representante dos estudantes de Belas Artes do Porto espera que sirva para fortalecer o movimento associativo estudantil e antecipa a adesão de pelo menos uma centena de universitários na concentração em frente à Reitoria, pelas 15:00.
O protesto vai decorrer ao longo do dia, com concentrações em vários pontos do país: em frente às reitorias da universidade do Algarve e do Porto, na ESAD.CR, em Caldas da Rainha, à entrada do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora e em Lisboa no Largo Camões, de onde os estudantes seguem para a Assembleia da República.
Além da AE ESAD.CR, da AE FCSH e da AE FBAUP, a iniciativa foi subscrita por outras cinco associações de estudantes, designadamente das escolas superiores de Turismo e Tecnologia do Mar, e de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, e pela Associação Académica da Universidade de Lisboa.
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