"Seguramente há uma maior transparência no futebol, mas algo mais importante também: uma maior exigência. Os adeptos têm consciência disso e querem também cada vez mais transparência", afirmou o autor de obras na área do futebol, nomeadamente 'A Orgia do Poder', publicada em 2017 e que retrata "a história nunca contada de Jorge Mendes".
Ouvido como testemunha de defesa de Rui Pinto na 38.ª sessão do julgamento a decorrer no Tribunal Central Criminal de Lisboa, Pippo Russo relembrou que foi a partir das revelações da plataforma eletrónica criada em 2015 por Rui Pinto que surgiram várias ações judiciais a nível internacional visando, sobretudo, potenciais ilícitos fiscais de grandes figuras do futebol europeu, como os jogadores Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
Destacando a importância do 'Football Leaks' para se saber que "havia uma economia paralela no futebol", o investigador italiano notou que até então "as regras eram um pouco vagas" nesta área. E perante a dimensão das informações divulgadas pelo site, manifestou a sua convicção de que este trabalho seria obra de mais do que uma só pessoa.
"Comecei a associar Rui Pinto ao 'Football Leaks' depois de os meios de comunicação social o revelarem. Sempre achei que havia mais do que uma pessoa por trás do 'Football Leaks'. Pensava que uma pessoa não podia gerir uma operação desta dimensão", resumiu.
O julgamento prossegue esta quinta-feira com as audições das testemunhas Nuno Ferreira, Pedro Bragança e Francisco Louçã.
Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do 'Football Leaks' encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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