Projeto da Maia coloca famílias a pagar menos lixo se reciclarem mais

As famílias da Maia, no distrito do Porto, vão deixar de pagar os resíduos que reciclam, num processo que tem início hoje a título experimental com 10.000 pessoas e se estenderá a todo o concelho até 2023.

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Lusa
03/05/2021 07:05 ‧ 03/05/2021 por Lusa

País

Maia

 

O programa chama-se 'Recicle mais, pague menos' e é baseado no princípio do poluidor-pagador, conceito comummente designado de 'Pay-as-you-throw', em português 'pague consoante o lixo que produz' e que se traduz na variação de tarifas conforme a quantidade de lixo indiferenciado que cada agregado produz.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago, explicou que, "a partir deste mês e até ao final do ano", o programa decorrerá em modo experimental junto de 10.000 pessoas (3.500 casas), sendo que a poupança reverterá nesse período para uma instituição de solidariedade.

Findo este tempo experimental, as famílias passam a ver o ganho repercutir-se na sua fatura da água, na qual está indexada a tarifa dos resíduos.

O projeto vai estender-se a metade do concelho em 2022 e a todo o território da Maia em 2023.

"Com isso, cumprimos as metas que o Governo assumiu perante a União Europeia que é em 2023 as pessoas pagarem efetivamente o que produzem em termos de resíduos e aquilo que reciclam não pagam", referiu o autarca.

Para colocar este projeto em prática, a Câmara da Maia vai socorrer-se do facto de os contentores para utilização exclusiva dos moradores de cada habitação unifamiliar estarem registados com um código no Sistema de Gestão de Dados da empresa municipal Maiambiente e equipados com um identificador eletrónico, que permite monitorizar as recolhas efetuadas através de instrumentação própria montada nas viaturas de recolha.

A plataforma de gestão de dados recolhe e integra a informação recebida, relacionando o identificador eletrónico e o contentor com o cliente, e calcula para cada um, a tarifa de gestão de resíduos com base no número de recolhas efetuado, ou seja, no volume de resíduos recolhido.

"A Maia avança com este projeto porque é a única Câmara do país que o pode fazer. Esta caminhada começou há cerca de 25 anos, quando nós lançamos um modelo que implicou exigir a todos os promotores que quisessem instalar-se na Maia que contemplassem nos projetos um compartimento de resíduos sólidos", afirmou António Silva Tiago.

Apontando que o objetivo do "Recicle mais, pague menos" é "ser mais junto com as pessoas, famílias e atividade económica do concelho" e ao mesmo tempo promover a reciclagem, fazendo os consumidores "pagar somente o que não reciclam", o autarca disse ter a expectativa de que este projeto fará com que "as pessoas adquiram cada vez mais bons hábitos ambientais".

O projeto arranca hoje e até ao final do ano os agregados envolvidos terão acesso a duas faturas: a normal e uma que traduz o nível de reciclagem que uma dada família fez.

"Se houver economia na reciclagem, como nós achamos que vai haver, a diferença das duas faturas vai ser acumulada e vai ser entregue no final do ano a uma instituição. A partir do início do próximo ano, esse ganho vai para a própria família", explicou o presidente da Câmara.

Já em informação enviada à Lusa lê-se que "durante um período experimental, o pagamento da tarifa será efetuado como até aqui, ou seja, indexado ao consumo de água, contudo [os agregados envolvidos] poderão comparar esse valor com o que pagariam com a tarifa calculada com base nos resíduos que produziram e adaptar o seu comportamento a uma tarifa mais adequada".

As casas que fazem parte do piloto que é iniciado hoje distribuem-se pelas freguesias de Vila Nova da Telha, Cidade da Maia e Moreira.

Leia Também: Empresários criticam "contratação de grandes empresas" para recolher lixo

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