Covid-19: Realidade agora é "diferente" do tempo em que não havia vacina
Chefe de Estado afastou ontem a hipótese de o país regressar ao Estado de Emergência e defendeu hoje uma mudança na matriz de risco considerando a taxa de imunidade.
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País Pandemia
O Presidente da República afirmou esta quarta-feira que a situação pandémica tem de ser encarada "com outros olhos" porque a "realidade" mudou devido à vacinação, defendendo uma mudança da matriz de risco face à crescente taxa de imunidade.
"Temos hoje, acima dos 80, praticamente todos vacinados", disse, em declarações aos jornalistas, após visitar um museu em Sintra. Além das pessoas com mais de 80 anos, estão igualmente praticamente todos vacinados nas faixas etárias acima dos 70 e dos 60. "Acima dos 50 [há] um número muito significativo", continuou, referindo que brevemente a vacinação chegará também à população acima dos 40 e acima dos 30. "Isto é completamente diferente do tempo em que não existia [vacinação]. O que significa olhar com outros olhos, porque a realidade é diferente", afirmou, defendendo uma mudança da matriz de risco face à crescente taxa de imunidade.
Marcelo Rebelo de Sousa voltou a assinalar que os novos casos de infeção já não se estão a projetar em números de internamentos, cuidados intensivos e mortes como anteriormente.
Questionado se considera que este é o momento para criar uma nova matriz de risco, que não tenha apenas em conta o índice de transmissão e a incidência de novos casos por 100 mil habitantes, o chefe de Estado respondeu: "Eu sempre achei isso, mas sempre respeitei a opinião dos especialistas e a decisão do Governo".
"Aparentemente, há especialistas que, de forma crescente, dizem que é preciso ir começando a repensar, e o Governo também já disse que é preciso estudar e repensar. Por uma razão muito simples: o mundo vai abrir, nós vamos regressando a uma atividade mais normal, mais cedo ou mais tarde", referiu.
Segundo o Presidente da República, é expectável, "pela circulação das pessoas que vêm de vários espaços, um aumento do número de casos" de infeção "durante um tempo".
No entanto, "se houver uma taxa de imunidade cá dentro apreciável, há um momento a partir do qual não há razões em termos de vida e de saúde que justifiquem parar a economia e a sociedade indefinidamente", argumentou.
"A vida tem de continuar, por muito que nós sejamos sensíveis a algumas vidas e alguns casos de saúde que existam, a vida tem de continuar e vai continuar nos próximos meses e nos próximos anos, como aconteceu com outras epidemias, embora não tão duradouras e não tão complexas como esta pandemia", acrescentou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou qualquer ligação entre uma mudança da matriz de risco e o aumento de casos de infeção com o novo coronavírus em Lisboa: "Não, não se trata de encontrar uma maneira artificial de fugir à aplicação de critérios. Não, trata-se é de fazer uma ponderação à luz de dados novos".
O Presidente afastou esta terça-feira um possível regresso ao Estado de Emergência no país devido à evolução da pandemia. "Está fora de questão regresso ao Estado de Emergência", afirmou, momentos antes de o Governo ter anunciado as novas medidas a implementar na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Recorde-se que o número de infetados tem vindo a subir, em particular em Lisboa, onde há 10 freguesias com incidência acima de 120 casos por 100 mil habitantes.
Lacerda Sales anunciou, além de um aumento da testagem em Lisboa, a aceleração da vacinação nas pessoas com idades acima dos 40 e acima dos 30. No entanto, o Governo esclareceu mais tarde que isso mesmo acontecerá, não só na capital, mas sim em todo o país.
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