Cabo Verde: Equipas médicas lusas regressam com pandemia estabilizada
Os médicos e enfermeiros da missão organizada pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para apoiar as autoridades de saúde cabo-verdianas regressam domingo a Portugal, sem necessidade de ficarem mais tempo, devido à estabilização da pandemia no arquipélago.
© Lusa
País Covid-19
"O que serão certamente boas notícias, porque caso se justificasse eles poderiam ter permanecido em funções", reconheceu o embaixador de Portugal em Cabo Verde, António Albuquerque Moniz, em declarações após uma reunião de balanço realizada hoje no Ministério da Saúde, na Praia.
A missão, envolvendo equipas destacadas para os hospitais centrais na Praia (ilha de Santiago) e no Mindelo (São Vicente), foram coordenadas pelo INEM, através do Portuguese Emergency Medical Team (PT EMT), na sequência da missão de avaliação portuguesa que esteve no país de 05 e 12 de maio, em colaboração com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.
"Era isso que estava combinado, podiam ter ficado mais tempo, mas na realidade a situação que encontraram foi uma situação bem organizada, em que as autoridades de saúde estavam a dar uma resposta eficaz, competente", reconheceu António Albuquerque Moniz.
Integram a missão, iniciada em 17 de maio e que termina em 30 de maio, no total das duas equipas, dois médicos e quatro enfermeiros, do INEM, do Exército português, da Força Aérea Portuguesa e do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (Aveiro), especialistas em urgência e cuidados intensivos e no atendimento e tratamento a doentes críticos com covid-19, áreas - como ventilação ou doentes críticos - em que acabaram por dar formação a mais de 100 colegas na Praia e 140 em São Vicente.
"É evidente que aproveitaram para dar apoio a essas equipas [dos dois hospitais centrais] e para dar formação. E ao longo do período em que cá estiveram foi realmente muito preciosa a sua participação, porque inclusivamente organizaram ações de formação que foram frequentadas assiduamente pelas equipas médicas", explicou o embaixador, assumindo que os objetivos da missão foram cumpridos.
"Mas estaremos sempre prontos para voltar a Cabo Verde caso seja necessário", garantiu.
Vários meses depois, o Governo de Cabo Verde voltou a decretar, em 30 de abril, a situação de calamidade em todas as ilhas, exceto na ilha Brava, por um período de 30 dias -- renovado por igual período a partir de hoje e já incluindo a Brava -, agravando medidas de limitação de atividades com aglomerações de pessoas, face ao forte aumento dos novos casos de covid-19, que chegaram a um pico de 417 infetados em 05 de maio, quando foi acionada esta missão de Portugal.
Entretanto, a média diária de novos casos tem estado em queda, há mais de duas semanas, e segundo o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, em declarações após a reunião de balanço com a missão portuguesa, o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-CoV-2 em Cabo Verde já é inferior a 1, com exceção das ilhas Brava e do Fogo, demonstrando uma estabilização da pandemia.
"Essa missão veio na altura certa, porque estávamos num período realmente complicado, com alguma pressão ao nível dos serviços hospitalares, sobretudo nos cuidados intermédios e intensivos. A presença e a colaboração prestada pelas duas equipas foi, sem dúvida, reconhecida", disse o ministro Arlindo do Rosário, acrescentando que a mesma demonstra igualmente o nível das relações entre Portugal e Cabo Verde, também no setor da saúde.
"É uma relação que não começou ontem e nem por causa da covid-19. Mas é evidente que desde o início da pandemia tem sido reforçada em vários aspetos", enfatizou.
O governante recordou que Cabo Verde está agora a "sair de uma segunda onda da pandemia", a mais grave desde março de 2020, com uma situação a nível nacional estabilizada, com uma taxa de positividade que está a descer, mas "ainda alta", de cerca de 12%, quando o objetivo é baixar até 4%.
"A tendência, comparativamente ao que tínhamos no passado, é de queda na incidência. A boa notícia é exatamente essa", disse Arlindo do Rosário.
A taxa de incidência acumulada de casos de covid-19 em Cabo Verde a 14 dias passou de 727 por cada 100.000 habitantes, no período de 26 de abril a 09 de maio, para 501 por cada 100.000 habitantes, de 10 a 23 de maio, segundo dados da Direção Nacional de Saúde.
No último período de 14 dias foram feitos 19.502 testes à covid-19 no arquipélago e detetados 2.821 novos casos (média diária de 202 novos casos), contra as 21.647 amostras e 4.093 novos casos (média de 293 novos casos por dia) no período anterior (26 de abril a 09 de maio).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.513.088 mortos no mundo, resultantes de mais de 168,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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