Governo e DGS revelam "desorientação total" e "desnorte"

Comentador aponta falta de coerência às autoridades (a política e a sanitária), considerando que a situação da final da Liga dos Campeões, no Porto, não é um caso pontual, mas sim o reflexo de uma tendência.

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Melissa Lopes
30/05/2021 21:53 ‧ 30/05/2021 por Melissa Lopes

Política

Pandemia

Marques Mendes considerou este domingo, na antena da SIC, que a atuação do Governo e da Direção-Geral de Saúde tem revelado uma "desorientação total" e um "desnorte", acusando a autoridade política e a autoridade sanitária de "falta de comunicação" e de "precipitação". 

O comentador fazia, assim, a análise aos mais recentes acontecimentos relacionados com a final da Liga dos Campeões, que trouxe milhares de adeptos ingleses ao Porto. 

"Não é só a imagem" que o país passa para o exterior, é também a "realidade", apontou o social-democrata, assinalando que o problema é que "não são casos pontuais". "A questão da Champions não é um caso pontual, é uma tendência", disse, recordando os festejos do Sporting, em Lisboa, "uma calamidade em matéria de segurança e de saúde pública".

Marques Mendes deu ainda o exemplo do final da Taça de Portugal, jogo no qual não houve público, demonstrando a incoerência de, uma semana depois, a final da Liga dos Campeões ter permitido adeptos nas bancadas do Estádio do Dragão. "Alguém consegue compreender a coerência destes critérios?", questionou, acusando o Governo de ter "dois pesos e duas medidas". "Mas porquê? Será que os estrangeiros são mais disciplinados do que os portugueses? Não parece. Ninguém entende". 

O social-democrata disse que, para ter aplicado dois critérios oposto no espaço de uma semana, a DGS "deve ter uma explicação muito inteligente para dar ao país". 

Marques Mendes apontou outro "exemplo grave de desorientação", referindo-se à conferência de imprensa dada por Lacerda Sales a propósito da situação epidemiológica em Lisboa, tendo o secretário de Estado anunciado que iria haver prioridade na vacinação, nas faixas etárias acima dos 40 e acima dos 30, na capital.

"Depois veio o presidente da Câmara do Porto dizer, e bem, que era uma discriminação. Depois veio o almirante Gouveia e Melo dizer que as regras são nacionais. E o Governo recuou". O comentador notou que o Executivo alega sempre que se trata de um "mal entendido" e que "a culpa é sempre da comunicação social". "Foi um avanço e foi um recuo", resumiu. 

Marques Mendes questionou ainda "porque é que se metem no trabalho" do coordenador da task-force, quando o almirante Gouveia e Melo é "reconhecido por toda a gente como pragmático e competente" na tarefa que está a desempenhar. 

Para finalizar, o comentador apontou o caso do jogo da Liga dos Campeões, assinalando que dentro do estádio "correu tudo bem", mas que da parte de fora "correu tudo mal".

"E aqui onde é que há a responsabilidade do Governo?", perguntou, recordando os planos que a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, havia anunciado sobre a existência de uma bolha para os adeptos ingleses, o que, na prática, não se verificou. "Como se viu, a bolha foi tudo ao monte e fé em Deus", atirou. "Se a ministra da Presidência não tinha condições para garantir que era tudo em bolha, porque é que prometeu? Porque é que criou essa expectativa? Isto é a desorientação total", reforçou. 

Agora, "depois de isto acontecer, ninguém dá a cara, todos se escondem, todos se refugiam no silêncio", criticou Marques Mendes. 

Frisando não saber se estas situação vai ter grandes consequências em termos sanitários, o social-democrata entende que o problema é, sobretudo, "o mau exemplo" da parte das autoridades "a decidir, a comunicar e a fugir à responsabilidade".

"Como é que agora o Governo e a DGS vão ter autoridade para impor regras nas praias? Ou nos Santos Populares? Ou, no dia a dia, quando as pessoas consumirem álcool na rua?", perguntou.  

Leia Também: AO MINUTO: Mais de 1,7 milhões de vacinados em Portugal

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