Pavel Eliazarov é um dos três ativistas russos que viram os dados pessoais expostos em janeiro pela câmara municipal de Lisboa a autoridades russas, pela realização de uma manifestação em Lisboa.
No comício da IL, onde participou como convidado, Pavel revelou que há cidadãos russos em Portugal que estão com medo de viajar, cancelaram viagens e "alguns optaram por terminar qualquer atividade política".
"Eu quero que isto nunca mais aconteça. Quero garantias. Os pedidos de desculpa não são suficientes. O que precisamos é de uma investigação séria que trará consequências graves às entidades e pesaoas que deixaram isto acontecer", disse.
Os jornais Expresso e Observador noticiaram na quarta-feira que a Câmara Municipal de Lisboa fez chegar à Embaixada da Rússia em Lisboa os nomes, moradas e contactos de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do governo russo.
A partilha destes dados foi reconhecida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que pediu desculpas públicas aos envolvidos e explicou ter-se tratado de um erro no funcionamento dos serviços. Mais tarde, anunciou que pediu uma auditoria sobre os procedimentos da autarquia relativos à realização de manifestações no município nos últimos anos.
O caso originou uma onda de críticas e pedidos de esclarecimento da Amnistia Internacional e de partidos políticos, além de Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, ter pedido a demissão de Fernando Medina.
A Comissão Nacional de Proteção de Dados confirmou que abriu um processo de averiguações à partilha de dados pessoais dos três ativistas russos.
Entretanto, o embaixador da Rússia em Lisboa já assegurou que a embaixada eliminou os dados dos manifestantes do protesto contra o governo de Putin realizado na capital, frisando que as informações não foram transmitidas a Moscovo.
Hoje, os Ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros reconheceram que foi recebida, pelos serviços, uma uma queixa sobre a partilha dos dados e disseram que não tomaram qualquer iniciativa por falta de competências e por entenderem que a queixa tinha sido também dirigida às "entidades competentes".
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