"Para contrariar incidência, vacinação precisa de progredir bastante"

Responsável pela task force da vacinação sublinhou que o objetivo de proteger os vulneráveis já se verificou.

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© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images

Melissa Lopes
30/06/2021 21:19 ‧ 30/06/2021 por Melissa Lopes

País

Vacinação Covid-19

O vice-almirante Gouveia e Melo defendeu esta quarta-feira, na antena da RTP, que a vacinação contra a Covid-19 em Portugal já cumpriu o objetivo de "proteger os mais frágeis".  "Isso aconteceu, já vemos esses resultados, mesmo com o aumento da incidência, tem-se visto que não há, em termos proporcionais em relação a outras vagas, o aumento de óbitos e de internamentos".

No entanto, alertou, "para contrariar a incidência", o processo de vacinação ainda "precisa ainda de progredir bastante". Precisa de progredir, "no mínimo", em relação às primeiras doses, para os 70, 75%, e nas segundas doses "para cima dos 50/55%". Nesta altura, recorde-se, 32% já estão totalmente imunizados e 52% já têm pelo menos uma dose administrada. 

O mês de julho será o mês em que a task force da vacinação vai tentar fazer "esse reforço" para atingir, entre o início e meados de agosto, os tais 71%" da população com a primeira dose. "Se isso acontecer - julgo que temos todas as condições para que isso aconteça - garantimos um maior combate à incidência".

"Só que um maior combate à incidência é a nossa atitude, de todos os portugueses", prosseguiu Gouveia e Melo, reforçando os apelos ao cumprimento das regras de segurança. "O meu uniforme tem um significado simbólico. Isto é mesmo um combate, em que estamos todos envolvidos. O vírus é oportunista e se lhe dermos oportunidades - e já demos - a incidência aumenta e temos consequências económicas, sociais e outras indesejáveis". 

Questionado sobre o  limite do esforço de vacinação levado a cabo, o responsável pela task force afirmou que "o grande limite é a quantidade de vacinas".

"Os meios conseguimos sempre aumentar. Já estamos a vacinar há praticamente três semanas - tirando o domingo - sempre acima  das 100 mil vacinas. É um esforço elevado. Começamos com 6 horas diárias nos centros, aumentámos os horários", disse, sublinhando que ainda é possível "fazer mais" para aumentar a capacidade de inoculação. "Só que, se não tivermos vacinas, não conseguimos vacinar mais", relembrou, recorrendo a uma comparação: "É como querer acelerar o carro e não ter gasolina". E portanto: "Nós só aceleramos com as vacinas que temos neste momento, que são as vacinas que chegaram a território nacional". 

Em relação à imunidade de grupo, o vice almirante prevê que se alcance os 85% da população vacinados com a primeira dose em meados de setembro. "Isso significa ter 65% ou 70% da população vacinada com a segunda dose". "Julgo que a partir desse momento alcançamos uma etapa que será muito positiva no combate à epidemia e à incidência", notou. 

Confrontado com o facto de um milhão de pessoas ter ignorado a 'chamada' à vacinação contra a Covid-19, o responsável assinalou que muitos SMS que foram enviados ou não tiveram resposta ou tiveram resposta negativa. Gouveia e Melo defendeu que o facto de não se ter obtido resposta não significa que as pessoas tenham ignorado.

"Os SMS também têm muitos erros e problemas", disse, detalhando que as respostas negativas rondam apenas os 2,2%. "Não havendo uma resposta negativa, não temos a certeza que a pessoa tenha recebido a mensagem. Repetimos o contacto porque o que nos interessa é vacinar as pessoas", explicou. 

O vice-almirante afirmou ainda que o "desencontro" entre marcações e as pessoas que vão de facto aos centros não tem provocado desperdícios. "Estamos a aproveitar as vacinas todas", respondeu, admitindo que esse desencontro perturba o processo de agendamento.

"Não vivemos num mundo perfeito. Considero que temos que operar nas condições que existem. E as condições que existem não são ideias", vincou, dando exemplos: "Muitas vezes os sistemas de informação não são os que gostaríamos de ter, os processos organizativos poderiam ser melhores, mas são os que conseguimos implementar naquele momento". Ou seja, "há um conjunto muito elevado de condicionantes", resumiu, assegurando que a task force tenta, todos os dias, "melhorar a eficácia e a eficiência da operação". 

Sobre os locais da vacinação da 1.ª e 2.ª dose, o vice-almirante clarificou que "o processo normal é uma pessoa ser vacinada, na 1.ª e na 2ª dose, no mesmo local. Só um processo muito excecional é que fará com a pessoa seja vacinada na 2.ª dose noutro local". Isto porque, explicou, "não faria sentido" que, por exemplo, se três milhões de portugueses se deslocassem ao Algarve, no período de férias, que esses três milhões fossem vacinados no Algarve, porque não temos essas capacidades" nessa região. "Só em casos muito excecionais", repetiu. 

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