A matriz de risco, atualizada três vezes por semana, já teve todas cores do semáforo. Em 9 de março, Portugal começou no 'verde' com uma incidência um pouco abaixo dos 120 casos nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes, mas, em poucos meses, começámos a ver a situação pandémica a complicar.
Desde essa data - em que se registaram 847 novos casos e 30 óbitos -, a incidência até chegou a descer, mas a transmissibilidade - o 'famoso' Rt - começou a crescer. O nosso país acabou, então, por deixar o 'verde' para trás e ver este cenário dar lugar a uma cor 'amarela' nesta paleta do risco da Covid-19.
Houve confinamentos, recolher obrigatório, teletrabalho obrigatório, mais vacinação, mais testagem. Mas como evoluiu a matriz de risco?
Um panorama. Menos mortes; infeções nos mais jovens
De acordo com os últimos dados disponibilizados, passámos do quase já 'longínquo' mês em que tudo parecia começar a entrar numa fase de controlo, para o dia 30 de junho, em que Portugal está oficialmente no 'vermelho', com uma incidência no continente de 176,9 casos por 100 mil habitantes e um Rt de 1,15.
O aumento do número dos portugueses vacinados ajudou a que o número de mortes devido à Covid-19 começasse a baixar, mas o 'foco' da doença acabou por 'passar' das faixas etárias mais altas para passar a atingir as mais jovens: especialmente com o avanço do plano de desconfinamento.
Depois de avanços neste 'mapa' apresentado pelo Governo em março - que pode recordar aqui na íntegra - chegaram os recuos, com cada vez mais concelhos a começarem a bater no 'limite' de 120 casos por 100 mil habitantes definido como nível de risco pelo Executivo de António Costa.
Evolução da Matriz de Risco - 9 de março a 30 de junho© XXII Governo
Incidência aumentou e Plano de Desconfinamento 'congelou'
O plano de desconfinamento começou a 'andar para trás' em alguns concelhos de maior risco, com o primeiro-ministro, em 2 de junho, a afirmar, no final de um Conselho de Ministros, que era ainda "entendimento do Governo de que estamos em condições de prosseguir o processo de desconfinamento". Aqui, foi apresentado um (novo) plano em duas fases - uma planeada para 14 e outra para 28 do mesmo mês.
Leia aqui o plano apresentado na altura [na íntegra]
Contudo, o cenário sofreu uma mudança. Depois da primeira abertura e de um 'aviso' a 17 de junho de que a abertura poderia não continuar nos moldes previstos, a confirmação chegou na semana a seguir: dia 24. Mariana Vieira da Silva, ministra de Estado e da Presidência, revelou aos portugueses que, ao longo da última semana, tinha havido "um crescimento de casos de 34%, de internamentos de 30% e de internados em cuidados intensivos de 26%", pelo que a etapa prevista para dia 28 teria de 'congelar'.
Caiu por terra o avanço para transportes públicos sem lotação e Lojas do Cidadão sem marcação prévia, num país "claramente na zona vermelha da matriz de risco". A governante referiu que existia "uma boa parte do país com incidências abaixo do limite" mas havia "territórios com níveis de risco mais graves, tanto na Área Metropolitana de Lisboa como no Alentejo e no Algarve".
Lisboa voltou para trás e lá se mantém. Chegou a proibição de circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa desde as 15h00 de sexta-feira até às 06h00 de segunda-feira - que se mantém atualmente, como hoje confirmado pela mesma governante no final de um novo briefing do Conselho de Ministros.
O que se segue?
"Com base na situação em que o país se encontra, vemos que, na última semana, a situação voltou a deteriorar-se". Esta foi uma das primeiras frases que Mariana Vieira da Silva proferiu, esta quinta-feira, 1 de junho, no mais recente briefing do Conselho de Ministros. "Não temos condições para considerar a pandemia controlada", disse ainda a governante, fazendo um apelo aos portugueses para que cumpram as regras e evitem comportamentos de risco.
Deste modo, e tendo em conta a situação pandémica, "o Governo decidiu que, nos concelhos de risco elevado e muito elevado (2 x 120 de incidência ou 240), passará a existir uma limitação da circulação na via pública a partir das 23 horas". A proibição termina, tal como já tinha ocorrido no passado, às 5 horas da manhã.
A medida visa reduzir ajuntamentos, pelo que "não tem nenhuma exceção" relacionada com a apresentação de teste negativo de Covid-19 ou certificado digital de vacinação. A intenção do Governo é que a medida entre em vigor o mais rápido possível, prevendo que isso possa acontecer a partir de sexta-feira.
O Executivo atualizou também a lista de concelhos tendo em conta o nível de risco devido à situação pandémica, tendo decidido que mais vão recuar. Na semana passada, recorde-se, Lisboa e Albufeira já se tinham juntado a Sesimbra - concelho que tinha 'andado para trás' e que se manteve nessa situação.
Como estão 'divididos' os concelhos do continente © Governo
Analisando a situação epidemiológica, o investigador Carlos Antunes afirmou que a taxa média de incidência dos últimos cinco dias é de 202 casos por 100 mil habitantes, com tendência para aumentar, com uma taxa diária de aumento da incidência de 5,1% ao dia, o que corresponde a uma duplicação de casos a cada 12 dias. "Estamos a chegar aos 2.000 casos diários e, portanto, a duplicação de 12 dias significa que há um potencial de que daqui a 12 dias poderemos estar nos 4 mil casos".
O relatório epidemiológico desta quinta-feira, divulgado pela Direção-Geral da Saúde, dá conta de mais 2.449 novos casos e cinco óbitos nas últimas horas, sendo que mais de 1.300 contágios chegam da região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT). A subir seguem também os internamentos. Desde o início da pandemia, Portugal tem 882.006 casos, 830.224 recuperados, e 17.101 óbitos.
Já se encontra disponível o Relatório de Situação de hoje, 1 de julho. Mais informações em https://t.co/CyUC3oIimy... #DGS #sejaumagentedesaúdepública #estamoson pic.twitter.com/11DpRFGE1f
— DGS (@DGSaude) July 1, 2021
Pode consultar nestes mapas interativos a evolução da pandemia de coronavírus em Portugal e no mundo.
Leia Também: AO MINUTO: 4 mil casos no país em breve; Rui Moreira "muito preocupado"