A ministra da Saúde, Marta Temido, previu, esta segunda-feira, que, se a evolução da pandemia se mantiver "neste ritmo", Portugal irá registar o dobro do presente número de casos diários de Covid-19, nos próximos 15 dias.
Em entrevista à TVI, a governante informou que, se o atual cenário não se inverter, estima-se que "em meados de julho" haja diariamente "para lá dos quatro mil" contágios, com cerca de 800 internamentos, ao todo, nas enfermarias e mais de 150 hospitalizações em Unidades de Cuidados Intensivos.
Confrontada com o facto de Portugal se encontrar na zona vermelha da matriz de risco que traduz a evolução epidemiológica, Marta Temido sublinhou que, neste momento, "há maior risco para todos nós".
Recordando o momento mais crítico da pandemia no país, vivido em janeiro e fevereiro deste ano, a ministra referiu que, neste momento, o objetivo é "não voltarmos a essa situação".
"Se não tomarmos todos as medidas necessárias as individuais mas também do sistema - vacinação e testagem -, corremos o risco de não conseguir parar a evolução da transmissão da doença", alertou.
Assim, explicou Marta Temido, "a melhor aposta que temos é a vacinação", justificando a decisão de aceleração do processo de inoculação contra a Covid-19 no país.
Marta Temido afasta hipótese de confinamento
Sobre se vão ser impostas mais medidas restritivas para travar a nova vaga do vírus, a governante assumiu que não se pode "afastar nenhum tipo de medidas", num momento em que se vive uma "corrida contra o tempo" para combater a nova variante Delta, que já está a agravar a situação epidemiológica não só em Portugal como em vários países europeus, como Inglaterra, Chipre ou Espanha.
Ainda sobre a possibilidade do país ou certas regiões voltarem a entrar em confinamento, a ministra da Saúde recordou que, neste momento, o Governo não dispõe de "um quadro legal", como o Estado de Emergência, que permita decretar um confinamento.
"Neste momento, fomos o mais longe dentro do quadro legal que dispomos", esclareceu, dando o exemplo da medida de proibição de circulação.
Vacinação da faixa etária abaixo dos 18 anos arranca no Continente antes do ano letivo
Sobre a vacinação, Marta Temido descartou qualquer tipo de incentivo por parte do Governo para promover a inoculação contra a Covid-19 nos jovens e apelou à "racionalidade" e à "literacia" sobre as vacinas. "Temos uma aposta na literacia e na informação", reiterou.
Num momento em que foi anunciado que a vacinação de menores até aos 12 anos irá arrancar na Madeira, a ministra informou que no continente, será possível avançar também para essas faixas etárias abaixo dos 18 anos "no final de agosto", portanto, antes do começo do próximo ano letivo.
"Se continuarmos a seguir o plano que temos e continuarem a chegar as vacinas, na última semana de agosto começaremos a vacinação para os com menos de 18 anos", afirmou.
Marta Temido salientou também que a Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 da Direção-Geral da Saúde (DGS) está a apreciar, em termos técnicos, como é plano se vai adaptar à "população mais jovem que tem especificidades pediátricas".
Ainda sobre o arranque do ano letivo, a governante garantiu que não está em cima da mesa a previsão de qualquer tipo de atraso. "O arranque do ano letivo está programado para meados de setembro. Não podemos ter uma situação epidemiológica que nos coloque no início de setembro numa situação frágil".
Segundo os cálculos do Governo, revelou ainda Marta Temido, "em meados de setembro" prevê-se que haja perto de "80% de pessoas com uma dose" da vacina contra a Covid-19 e "cerca de 70% com as duas doses".
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