"Senhor ministro da Educação, dedique-se a garantir que os exames nacionais não têm erros, como hoje aconteceu, e deixe estas duas crianças em paz. A escola não serve para doutrinar, nem para perseguir alunos à luz de uma ideologia oficial que o Governo socialista decidiu impor nas salas de aula", disse Francisco Rodrigues dos Santos, em Tomar, distrito de Santarém.
O presidente democrata-cristão falava na apresentação de candidatos às eleições autárquicas da coligação "Tomar, queremos responder", que junta o CDS-PP, MPT e PPM. O secretário-geral do CDS-PP, Francisco Tavares, é o cabeça de lista à Assembleia Municipal de Tomar.
Na segunda-feira, o Jornal de Notícias revelou que os pais dos dois irmãos de Famalicão que não frequentam a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento avançaram com uma providência cautelar para tentar impedir que os filhos sejam reprovados, sendo esta a segunda vez que a família recorre a este mecanismo para permitir que os alunos avancem um ano escolar.
"O pior exemplo que o Estado pode dar a duas crianças é colocar a ideologia à frente do mérito. Infelizmente, com o Governo socialista em Portugal não basta ser-se um excelente aluno para passar de ano, tem de se seguir uma cartilha ideológica própria da extrema-esquerda que quer doutrinar as nossas crianças contra a vontade dos pais e dos encarregados de educação", afirmou o presidente do CDS-PP.
Para Francisco Rodrigues dos Santos, "é a família que educa, a escola apenas auxilia a família nesse dever" e "são as famílias que decidem que valores querem transmitir aos seus filhos".
"O Estado não tem o direito de perseguir e tornar reféns duas crianças e deve reconhecer às famílias a liberdade para educar os seus filhos", insistiu, notando que "basta cumprir aquilo que está na Constituição", que "proíbe a programação da educação mediante diretrizes ideológicas, como é o caso da ideologia de género com que este Estado quer doutrinar as crianças num ambiente escolar".
"No que depender de mim, a ideologia de género vai ser eliminada dos programas escolares e vai haver em Portugal uma verdadeira liberdade na educação que não imponha valores diferentes daqueles que as famílias querem para os seus filhos", assegurou.
No discurso, Francisco Rodrigues dos Santos abordou, de novo, o acidente mortal que envolveu a viatura onde seguia o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
"Trata-se, naturalmente, de um trágico acidente que, no limite, poderia acontecer a qualquer um, mas a forma como o ministro e os serviços do Estado estão a lidar com o acidente transformam-no num caso político que tresanda a tudo o que há de pior na vida política", considerou.
Para o responsável do CDS-PP, "tresanda em encobrimento quando ninguém assume responsabilidades e não quer prestar declarações sobre o que se passou, tresanda a passagem de responsabilidade, porque o único comunicado do ministério foi a mentir e a passar culpas do que se passou para a vítima mortal".
Segundo Francisco Rodrigues dos Santos, tresanda, também, "a regras especiais, nomeadamente quanto ao registo da viatura", sustentando que "a decência das coisas não se mede por ter havido ou não um acidente", mas "pela dignidade com que se lida com um caso destes".
"É uma vergonha a forma como este Governo está a lidar com este caso e, ainda mais, um sinal de inimputabilidade não haver consequências políticas para o ministro que permite adensar esta dúvida e arrastar um processo penoso", sobretudo para a família da vítima mortal, acrescentou o dirigente centrista.
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