O advogado, que falava à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, garantiu que Vieira continuar sereno e que "até fez uma vez ou outra uma graça", preferiu não adiantar se irá prestar declarações durante o interrogatório esta sexta-feira, garantido que ainda não está definida a ordem de trabalhos.
"Não está determinada a ordem como serão feitos os interrogatórios. Não vou dizer aquilo que aconselho ao meu constituinte", disse Magalhães e Silva.
Luís Filipe Vieira chegou ao TCIC pelas 14:30 horas, pouco depois foi a vez de Magalhães e Silva entrar nas instalações sedeadas na rua Gomes Freire. Só depois das 22:00 é que o advogado saiu pela porta principal, admitindo que poderá continuar a consultar o processo esta sexta-feira.
"Depois da identificação dos arguidos, estivemos toda a tarde e até agora a consultar os elementos de prova, que nos pareciam necessários, para nos podermos inteirar completamente da situação. Se tiver oportunidade, uma ou outra coisa que ainda não tenha visto, claro que irei ver amanhã (sexta-feira)", frisou.
O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades, em que estão indiciados de "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento".
Magalhães e Silva admitiu que a prisão preventiva pode estar em equação e que "a gravidade teórica" dos crimes existe, embora destaque não se ter mostrado inquieto enquanto esteve a ler os vários elementos processuais.
"Isso está efetivamente muito claro, tanto quanto eu posso ler [pedido de prisão preventiva]. O juiz Carlos Alexandre não me fez confidências, por isso não faço ideia nenhuma se já lhe passa alguma coisa pela cabeça. Não vou pensar que neste momento, sem ter ouvido os arguidos, sem ter ouvido o ministério público nas posições que tomará relativamente às medidas de coação e sem ter ouvido a defesa, que tenha uma decisão tomada", afirmou.
A palavra "serenidade" foi a mais proferida nas declarações do advogado. Serenidade esta que assume para ele próprio, como para o presidente do Benfica que diz estar convicto de ser inocente no processo 'Cartão Vermelho'.
"A convicção dele é que efetivamente está inocente. Que não cometeu nenhum crime", assumiu, frisando que compete apenas a Vieira tomar a decisão de "ficar ou não à frente do Benfica".
Na quarta-feira, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) disse estarem em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como o 'rei dos frangos'.
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