Para o diplomata, que foi um dos impulsionadores da criação da CPLP, há 25 anos, quando foi criada, esta organização continua a fazer "sentido", porque "é válida e importante para os seus membros fundadores, só pelo facto de existir".
"Se houvesse dúvidas sobre essa validade, tantos países quereriam ser observadores associados" da CPLP? -- questionou, referindo-se, assim, às 13 candidaturas, entre as quais estão as dos EUA, Canadá, Índia e Espanha. Candidaturas que irão à aprovação na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, a realizar nos próximos dias 16 e 17, em Luanda.
Caso sejam aprovadas, e tendo em conta que a CPLP já tem hoje 19 observadores associados, a comunidade passará a contar com um total de 32 países e organizações com aquele estatuto.
Porém, na opinião do atual presidente da Fundação Millennium BCP, "os tempos e as circunstâncias em que vivemos impõem agora à comunidade avançar em áreas, que até aqui mereceram menos atenção", como "a parte económica e a parte da mobilidade".
Além disso, o também antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros considerou que a CPLP precisa de procurar novas formas de financiamento, para uma cooperação multilateral mais eficaz.
Em entrevista à Lusa, a propósito dos 25 anos da CPLP, que se celebram no próximo dia 17, o embaixador, que ao longo da carreira, assumiu vários cargos nas Nações Unidas disse que a cooperação naquela organização "continua a desenrolar-se mais ao nível bilateral do que multilateral".
E na sua opinião só há uma explicação para isso: "a CPLP tem desde o início um problema, que é a questão financeira". Porque a sua "sustentabilidade vem apenas das dotações dos Estados-membros", realçou.
Neste cenário, António Monteiro defendeu a criação de "parcerias efetivas no trio da CPLP, que favoreçam todos os países".
Para António Monteiro, faz ainda falta à organização uma ligação maior ao Fórum Macau, entidade que tem como missão reforçar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, e às comunidades de língua portuguesa espalhadas pelo mundo.
Num balanço sobre os 25 anos da CPLP, o embaixador considerou que o principal ganho foi a "entreajuda" entre os seus Estados-membros.
"Nós temos de dizer que o principal ganho da comunidade foi a entreajuda, que imediatamente se estabeleceu. Ajuda a resolver problemas de cada um de nós", o que "se traduziu muito numa cooperação política e diplomática ativa", lembrou.
Quanto ao português, a língua de todos, que cimentou a comunidade, é "já hoje", para o diplomata "uma língua em expansão", basta olhar para as previsões de crescimento demográfico de Angola e Moçambique e perceber com o que o Brasil já contribui.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.
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