O virologista Pedro Simas admitiu, esta segunda-feira, concordar com o fim das restrições em Inglaterra, que hoje avançou para a última fase do desconfinamento, a que os britânicos apelidaram de 'Dia da Liberdade'.
"Concordo com aquilo que o Reino Unido está a fazer e é um teste também. Podem ter que recuar um bocadinho atrás, mas é uma curva de aprendizagem. Vamos ver o que vai acontecer. É sempre um risco", explicou.
De acordo com o especialista, o Reino Unido chegou à conclusão "que não consegue avançar muito mais na vacinação e não consegue protelar, porque não se pode viver infinitamente numa situação de restrição da sociedade", por isso, decidiu avançar com o desconfinamento, apesar do crescimento dos casos de Covid-19. O facto de as camadas mais jovens não estarem concentradas nas escolas, universidades e outros locais de estudo foi também apontado por Pedro Simas para que o governo britânico não tenha esperado para avançar com o plano.
Já sobre o caso de Portugal, o investigador do Instituto de Medicina Molecular realçou que a situação é diferente. Na opinião de Pedro Simas, "é importante começar a aliviar as restrições", mas de uma forma gradual.
"Os números epidemiológicos em Portugal são extremamente estáveis e a vacinação está a correr muito bem. Portugal poderá até ser um exemplo de país onde a vacinação correu muito bem", começou por destacar o especialista, defendendo por isso que "é importante que Portugal comece a desconfinar também" pois o confinamento traz "um efeito muito prejudicial na saúde e na economia de continuarmos fechados".
Apesar disso, Pedro Simas não concorda que seja "uma coisa abrupta", o desconfinamento deve ser feito "com muita calma".
O virologista acredita que as mortes não vão duplicar, como alguns meios internacionais estão a avançar. No entanto, isso poderá acontecer quanto aos casos e internamentos e é a isso que as autoridades de saúde, segundo Pedro Simas, devem estar atentas.
"As mortes estão muito estáveis, não vão duplicar em país nenhum, agora, temos de ir monitorizando o número de internamentos [...].Já os números dos casos estão muito estáveis, estão a crescer devagarinho. Não é um cenário dramático se duplicarmos a nível de infeções", esclareceu, justificando esta posição com o facto de que a probabilidade de infeção das pessoas vacinadas "é muito pequena"
"Na população vacinada, o vírus já não é pandémico", vincou, terminando a sua análise de hoje.
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