A "melhor homenagem" a Otelo é luta pelas conquistas de Abril

A associação por uma Política Operária de Unidade Socialista (POUS) defendeu hoje que "a melhor homenagem" a Otelo Saraiva de Carvalho é a participação na luta "pela retoma das conquistas de Abril", a começar pela proibição dos despedimentos.

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Lusa
27/07/2021 10:29 ‧ 27/07/2021 por Lusa

País

Política Operária

 

Numa nota em que assinala a morte de Otelo Saraiva de Carvalho, a associação POUS, antigo partido político, lembra o estratego do golpe de Estado que produziu um "rasgão no aparelho de Estado fascista, que abriu o caminho às classes trabalhadoras e à população em geral, dando início à Revolução dos Cravos, pondo termo a 48 anos de ditadura e à guerra colonial".

"A melhor homenagem que se pode prestar, hoje, a Otelo Saraiva de Carvalho e aos seus companheiros do Movimento do 25 de Abril é participar na luta pela retoma das conquistas de Abril, a começar pela proibição dos milhares de despedimentos que estão a ter lugar e pela revogação das leis laborais que o permitem", assinala a associação.

Na nota, conclui-se que "é seguindo este caminho de defesa e retoma de todas as conquistas de Abril", que, em ligação aos trabalhadores e povos da Europa, se pode fazer com que a "revolução iniciada no 25 de Abril, em Portugal, ajude a levar a cabo a viragem histórica que, nessa altura, poderia ter tido lugar e que hoje, mais do que nunca, é indispensável para salvar a humanidade da crise do sistema capitalista que não para de se aprofundar".

O comunicado é subscrito por Aires Rodrigues, Carmelinda Pereira e Joaquim Pagarete, do secretariado daquela associação.

O funeral de Otelo Saraiva de Carvalho realiza-se na quarta-feira, no crematório de Cascais, em Alcabideche, estando em câmara ardente na Capela da Academia Militar, em Lisboa, a partir das 16:30 de hoje.

Otelo Saraiva de Carvalho, militar e estratego do 25 de Abril de 1974, morreu no domingo de madrugada aos 84 anos, no Hospital Militar, em Lisboa.

Nascido em 31 de agosto de 1936 em Lourenço Marques, atual Maputo, Moçambique, Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho teve uma carreira militar desde os anos 1960, fez uma comissão durante a guerra colonial na Guiné-Bissau, onde se cruzou com o general António de Spínola, até ao pós-25 de Abril de 1974.

No Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou a ditadura de Salazar e Caetano, foi o encarregado de elaborar o plano de operações militares.

Depois do 25 de Abril, foi comandante do COPCON, o Comando Operacional do Continente, durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), surgindo associado à chamada esquerda militar, mais radical, e foi candidato presidencial em 1976.

Na década de 1980, o seu nome surge associado às Forças Populares 25 de Abril (FP-25 de Abril), organização armada responsável por dezenas de atentados e 14 mortos, tendo sido condenado, em 1986, a 15 anos de prisão por associação terrorista. Em 1991, recebeu um indulto, tendo sido amnistiado cinco anos depois, uma decisão que levantou muita polémica na altura.

Leia Também: Funeral de Otelo realiza-se na quarta-feira em Cascais

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