A Federação Nacional dos Médicos deixou, esta segunda-feira, duras críticas aos resultados do concurso nacional para a contratação de médicos de família recém-especialistas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O Governo não garante condições para fixar médicos de família no SNS", começou por apontar a federação, em comunicado.
De acordo com a força sindical, o número de vagas preenchidas "ficou muito aquém do que seria desejável".
"Para 459 vagas, houve 447 candidatos, mas mais de 130 candidatos desistiram do processo - o que corresponde a cerca de 200 mil utentes que ficaram impossibilitados de ter médico de família".
Ainda segundo os dados da Federação Nacional dos Médicos, a situação "é particularmente preocupante a Sul do país".
"Na região de Lisboa e Vale do Tejo, nem metade das 230 vagas foram preenchidas, enquanto que no Alentejo (com 26 vagas a concurso) e no Algarve (28) a taxa de ocupação não chega aos 60%. Todas as 88 vagas foram preenchidas na região Norte e na região Centro ficaram por ocupar ainda 15% das 87 vagas disponíveis", é adiantado.
Infelizmente, salientou também a federação, esta situação não é exclusiva deste concurso, "tendo vindo a repetir-se nos concursos anteriores e com os quais aparentemente nada se aprendeu".
Para a Federação Nacional dos Médicos, o responsável é assim o Governo, "que insiste em não apoiar devidamente o SNS e os seus médicos de família", que se encontram "completamente assoberbados com listas de utentes sobredimensionadas, num contexto em que é necessário conciliar o acompanhamento habitual aos seus utentes com a recuperação da atividade que não se realizou em 2020 e 2021, o atendimento e rastreio de casos suspeitos de Covid-19 e o apoio nos centros de vacinação".
"É preciso investir diretamente em condições de trabalho adequadas para os médicos do SNS ou continuaremos a assistir a esta lamentável perda de profissionais, formados no SNS e altamente qualificados", argumenta ainda a federação.
Por fim, a Federação Nacional dos Médicos defendeu ainda que o Ministério da Saúde não pode continuar "a não negociar com os sindicatos médicos". "É fundamental que as negociações sejam retomadas, de forma séria e ponderada, de maneira a respeitar o trabalho dos médicos e a saúde dos seus utentes", pode ler-se na referida nota.
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