Confrontado com a crise que se vive no Afeganistão desde que os talibãs assumiram o poder, João Gomes Cravinho, ministro da Defesa Nacional, defendeu, que, neste momento, o mais importante é conseguir retirar todos os cidadãos que queiram sair do país.
"Temos de tratar do imediato e o imediato é retirar do Afeganistão todos os estrangeiros que lá estão e querem sair e todos os afegãos que também o queiram ou que trabalharam ao longo dos anos com as forças estrangeiras. Portanto, são bastantes milhares e o fundamental, nos próximos dias, é assegurar que possam sair juntamente com as suas famílias em segurança", considerou o governante.
Questionado sobre quando deverão chegar os primeiros refugiados afegãos a Portugal, o ministro referiu que ainda não há uma data certa, mas apontou a chegada para "ainda este mês de agosto".
Sobre se o país já se encontra preparado para receber estes refugiados, João Gomes Cravinho sublinhou que, neste momento, está a decorrer um "trabalho muito intenso" para garantir o eficaz acolhimento destes cidadãos. Os trabalhos estão a ser coordenados, adiantou ainda o governante, pelo Ministério da Presidência, envolvendo os Ministérios da Defesa, dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna.
"Portanto, o Governo está muito coordenado e empenhado nas suas diferentes áreas de atividade e intervenção para podermos receber aqueles que forem definidos [para Portugal]nos próximos dias", acrescentou.
De acordo com o anúncio feito na quarta-feira por Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal vai acolher 50 refugiados afegãos para já, numa fase "mais imediata". A prioridade, explicou Santos Silva, é de acolher cidadãos que colaboraram com as forças internacionais e que se sentem mais ameaçados pelos talibãs.
Numa fase posterior, no quadro das mesmas organizações, Portugal, assim como outros Estados-membros, irão acolher um maior número de refugiados: "Há uma obrigação moral da Europa em apoiá-los", reiterou o ministro.
Depois de tomarem 30 de 34 capitais provinciais em apenas dez dias, os talibãs entraram em Cabul no passado domingo, quase sem encontrarem resistência das forças de segurança governamentais, proclamando o fim da guerra e a sua vitória, o que assinalou o seu regresso ao poder no Afeganistão 20 anos após terem sido expulsos pelas forças militares dos Estados Unidos e seus aliados da NATO.
Foi o culminar de uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares estrangeiras, cuja conclusão estava agendada para 31 de agosto.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista, que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o autor moral dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Depois de terem governado o país de 1996 a 2001, impondo uma interpretação radical da 'sharia' (lei islâmica), teme-se que os extremistas voltem a impor um regime de terror, reduzindo a zero ou quase os direitos fundamentais das mulheres e das raparigas, embora estes tenham já assegurado que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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