Henrique Gouveia e Melo foi esta manhã de sábado recebido com uma salva de palmas no Centro de Vacinação de Alcabideche, onde se dirigiu para acompanhar o processo de vacinação dos jovens, dado que se iniciou hoje a imunização de crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos. O vice-almirante disse-se "comovido" com a receção, que acredita ter sido uma mostra de encorajamento.
"Não, não estava à espera", respondeu, questionado pelos jornalistas sobre o momento de ovação.
"Julgo que os problemas recentes fizeram com que os pais também tomassem mais consciência deste processo e, ao fim e ao cabo, acho que estes aplausos foram mais para me animar, dizer 'estamos consigo', e eu agradeço imenso e fico comovido, como é evidente", acrescentou, referindo-se ao incidente da semana passada, em que foi insultado por um grupo de negacionistas em Odivelas.
"A barreira do negacionismo que existe noutros países é uma barreira muito pequena, para bem de todos nós. A vacinação está a progredir, vamos proteger-nos todos uns aos outros e isso é que é importante", acrescentou, naquilo que descreve como "um ato básico de civismo."
O coordenador da task-force para a vacinação contra a Covid-19 foi, ainda, questionado sobre a possibilidade da terceira dose, instado a comentar a decisão do governo regional dos Açores, que decidiu avançar com mais uma dose. "Nós temos uma autoridade de Saúde, que é nacional, mas depois as autoridades regionais têm bastante autonomia, acho que isso é normal. Nesta fase, não acabamos de dar sequer as segundas doses a toda a população", adiantou, sublinhando que a autoridade regional "tem as suas razões."
"Nós ainda não estamos nessa fase, quem vai decidir sobre isso é a DGS", acrescentou, lembrando que ainda há "cerca de 1 milhão de primeiras doses para dar". No entender de Gouveia e Melo, porém, "faz sentido" a decisão de aplicar uma terceira dose às pessoas mais vulneráveis.
O vice-almirante mantém confiança na imunidade de grupo, mas de forma cautelosa. "Esperemos que se manifeste a imunidade de grupo. Mesmo que não se manifeste a imunidade de grupo, o vírus passa a ter muito pouco espaço de manobra, porque a população estará muito vacinada", disse.
Garantindo que há vacinas disponíveis para uma terceira dose, esclarece que, "neste momento, estamos a terminar um processo de emergência" e que uma possível nova dose "será num processo mais normal".
Há uma semana, em Odivelas (distrito de Lisboa), o vice-almirante foi recebido com insultos no centro de vacinação instalado no pavilhão multiúsos por algumas dezenas de manifestantes antivacinação, que gritaram palavras como "assassino".
Questionado então pelos jornalistas, Gouveia e Melo salientou que a única coisa que tinha a dizer aos manifestantes era que "o obscurantismo no século XXI continua, há ondas de obscurantismo".
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