Em resposta a questões dos jornalistas, durante uma visita à Feira do Livro do Porto, o chefe de Estado assumiu existirem "várias preocupações" quanto à situação que se vive no Afeganistão, sendo a primeira a de concluir em tempo útil a retirada de quem quer e deve ser retirado.
A segunda passa pela criação de condições para um futuro que permita uma estabilização económica, social e política, referiu.
Além destas, Marcelo Rebelo de Sousa apontou ainda a necessidade de um "esforço multilateral" para se evitar criar um "santuário de terrorismo internacional" e do respeito pelos direitos que não são de uma cultura ou civilização, mas universais.
Recusando comentar as declarações do Presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, que na quinta-feira prometeu "caçar e fazer pagar" os autores do duplo atentado bombista e do ataque armado junto ao aeroporto de Cabul, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou apenas que "não há nenhum país, por muito forte que seja no mundo, que possa resolver problemas desta natureza sem um esforço multilateral".
O chefe de Estado vincou que "não há um polícia do universo que possa sozinho policiar todo o universo", reforçando a ideia da necessidade de haver um "esforço coletivo".
Os Estados Unidos e os seus aliados invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, depois de os talibãs se terem recusado a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o principal responsável pelos ataques terroristas de 11 de setembro, que tinham acolhido no país.
A invasão também pôs fim ao primeiro governo dos talibãs (1996-2001), que regressaram ao poder no passado dia 15 de agosto, após uma ofensiva que coincidiu com o início da retirada das forças internacionais.
A operação de retirada dos militares dos Estados Unidos terá de estar concluída até à próxima terça-feira, 31 de agosto.
Milhares de afegãos com medo dos talibãs têm afluído diariamente ao aeroporto de Cabul desde 15 de agosto, de onde as forças internacionais retiraram mais de 100.000 pessoas desde então.
Leia Também: Borrell condena "ataques cobardes" e promete combate ao terrorismo