Governo vai garantir visto para mãe e irmã de afegão em greve de fome

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que o Governo vai garantir visto de entrada em Portugal para a mãe e a irmã de afegão que iniciou uma greve de fome na segunda-feira, no Porto.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
31/08/2021 06:30 ‧ 31/08/2021 por Lusa

País

Afeganistão

 

Em entrevista à SIC Notícias na noite de segunda-feira, Augusto Santos Silva referiu que contactou Nasir Ahmad, dizendo-lhe o Governo português fará tudo o que está ao seu alcance para reunir os seus familiares que ficaram retidos no Afeganistão.

"Telefonei-lhe e expliquei-lhe qual era a resposta do Governo português. [...] A resposta do Governo português é sim. Em tudo que depender de nós... [...] A concessão de autorização -- de visto -- para a entrada dessas pessoas em Portugal. Esse visto está garantido. Será atribuído a essas pessoas já em território português", afirmou.

As condições de acolhimento e integração também serão asseguradas enquanto o reagrupamento não se efetua, observou ainda o governante.

"Procuraremos também apoiar essas pessoas no processo que implica a sua saída do Afeganistão, saída que não depende nem exclusiva, nem predominantemente do Governo português", indicou.

De acordo com Augusto Santos Silva, Nasir Ahmad "compreendeu bem" o que é que o Governo pode e está a fazer.

"Não há razão para ele dirigir uma greve de fome contra o Governo português, quando o Governo português e os portugueses em geral estão do lado dele na sua tentativa, mais do que legitima, de trazer para a segurança do nosso país os familiares diretos", salientou.

Na segunda-feira, o refugiado afegão Nasir Ahmad, que vive no Porto desde 2016, começou uma greve de fome, até receber uma resposta do Governo português sobre a vinda da mãe e irmã para Portugal.

Segundo adiantou em declarações à Lusa, o jovem tem procurado trazer a família para Portugal, ao abrigo de um visto de reagrupamento familiar atribuído em regime excecional.

O afegão, que terminou, recentemente, um mestrado em Marketing no Porto, explicou que as forças militares portuguesas aconselharam que a família se deslocasse até ao aeroporto do Cabul, mas tal não foi possível.

"Quinta-feira da semana passada [os militares portugueses] pediram-lhes para ir ao aeroporto, mas elas não conseguiram ir porque os talibãs não deixaram, estava muita gente e não conseguiram entrar no aeroporto e aconteceu a explosão. Por tudo isso, não conseguiram", contou.

Ainda na quinta-feira, Roshan e Lida pediram ajuda para chegar ao aeroporto, "mas os militares disseram que não podem sair da sua linha e só podiam esperar mais uma hora, entretanto, a explosão aconteceu", detalhou.

Desde o atentado, Nasir não tem tido resposta por parte das forças militares, que saíram do país na sexta-feira.

A maioria dos países da Aliança Atlântica (NATO) já terminou as operações no aeroporto Hamid Karzai, em Cabul, onde se aglomeraram milhares de afegãos na tentativa de deixar o país, depois de os talibãs (extremistas) terem reconquistado a capital ao fim de 20 anos.

Segundo os últimos números, cerca de 114.000 pessoas foram retiradas de Cabul, desde a tomada da cidade pelos talibãs, em cerca de 2.900 em voos militares ou da coligação internacional.

Portugal recebeu, até agora, 61 refugiados afegãos.

Os talibãs retomaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.

 

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