Viviam em Portugal desde 2017 e com o estatuto de refugiados terão trabalhado num call center e em restaurantes, segundo a imprensa nacional, isto sem que os patrões desconfiassem que os irmãos iraquianos, de 32 e 34 anos, eram jihadistas e estavam a ser monitorizados e vigiados pela Polícia Judiciária (PJ) desde essa altura, por suspeitas de ligações ao grupo terrorista Daesh.
Esta quinta-feira, cerca de quatro anos depois de terem entrado no país a partir da Grécia, através de um programa da União Europeia para a recolocação de refugiados, foram detidos na Grande Lisboa e ficaram sujeitos à medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva.
Ambos estão acusados, segundo a PJ, de “adesão e apoio a organização terrorista internacional, de terrorismo nacional e contra a humanidade”. Apesar disso, não há indícios de que os suspeitos tenham cometido quaisquer destes crimes em território nacional.
À saída do tribunal, o advogado de Defesa, Varela de Matos, disse que hoje iria conversar com os seus clientes para ver “a possibilidade de ser interposto recurso”. Contudo, o despacho do tribunal indica que se verificam os três pressupostos para a aplicação da prisão preventiva. Há perigo de fuga, de perturbação do inquérito e até de continuação da atividade criminosa.
As provas recolhidas pelos inspetores da PJ indiciam que os irmãos assumiram "distintas posições na estrutura" do Daesh. Ambos terão integrado as milícias deste grupo terrorista, em Mossul, antiga capital do Estado Islâmico no Iraque.
Apesar de a dupla já estar a ser procurada pelas autoridades do Iraque, segundo o jornal Expresso, as autoridades portuguesas souberam da presença dos mesmos no nosso país através de denúncias, feitas ao SEF, por "outros iraquianos de Mossul", alguns refugiados e até de "vítimas" acolhidas em Portugal.
Recorde-se que estas não são as primeiras detenções feitas em Portugal relacionadas com alegadas ligações ao grupo extremista Daesh. Em junho, o Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a condenação de Rómulo Costa e Cassimo Turé a penas de prisão efetiva de nove e oito anos e seis meses de prisão, respetivamente, por crimes de apoio a organizações terroristas, entre os quais o Daesh, ISIL, ISIS e Brigada dos Emigrantes.
Anteriormente, também um marroquino tinha sido condenado a 12 anos de prisão efetiva por recrutar em Portugal operacionais para o Daesh.
Tal como aconteceu nestes três casos, não é certo que os irmãos detidos ontem sejam extraditados para o Iraque pois este país aplica a pena de morte, algo que não é constitucional em Portugal.
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