"Não retiro nada do que disse", frisou, em declarações à Lusa e à Rádio Renascença, após a visita ao Centro de Simulação Médica do Hospital da Luz de Lisboa, invocando que "o contexto do que disse", numa entrevista ao jornal Diário de Notícias, "foi totalmente alterado" pelos seus críticos.
"É preciso formar mais e é preciso valorizar todas as especialidades, foi o que eu disse", vincou, assinalando que "se há poucos médicos de família é preciso ter mais e valorizar os médicos de família".
Em entrevista publicada há uma semana no Diário de Notícias, Manuel Heitor disse que "a questão é que para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação, que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais".
"E, por isso, insisto que o alargamento da base de formação na saúde - quer médica, quer de técnicos de saúde, quer de enfermagem - deve ser feito em articulação com a diversificação da oferta, valorizando também outras profissões médicas, como, por exemplo, os médicos de família, que sabemos que na nossa sociedade, e sobretudo no sul da Europa, não são tão valorizados como outras especialidades", concluiu ao jornal.
No sábado, o Fórum Médico, que junta várias entidades da classe médica, exigiu ao ministro um "pedido de desculpas público" pelas declarações sobre a formação de clínicos de medicina geral e familiar, por considerar "desrespeitosa" a forma como "desvalorizou a formação e a qualidade dos médicos especialistas em medicina geral e familiar".
Em resposta, Manuel Heitor entende que são as entidades que integram o Fórum, como sindicatos, Ordem dos Médicos e associações do setor, que lhe devem um pedido de desculpas.
"Eles é que têm de me pedir desculpa, eles é que alteraram a minha afirmação", apontou hoje, reiterando que mantém "tudo o que disse".
"É preciso investir na formação médica em todas as áreas", destacou.
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, que faz parte do Fórum Médico, considera que as declarações do ministro do Ensino Superior ao Diário de Notícias revelam um "desconhecimento sobre o panorama da formação clínica em Portugal".
No domingo, a Associação Médica Britânica negou que a formação dos médicos de família no Reino Unido seja menos exigente do que a de outras especialidades, numa referência às declarações de Manuel Heitor ao jornal.
"É completamente incorreto descrever a formação em medicina familiar no Reino Unido como menos exigente do que no caso de outras especialidades médicas", sublinhou, citada em comunicado, Samira Anane, responsável para a educação, formação e trabalho do grupo de Medicina Familiar da associação.
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