Esforço de Defesa comum "é forma de UE reforçar a NATO e se reforçar"
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje o desenvolvimento do esforço de Defesa comum da UE, mas sublinhando que essa "é uma forma de a Europa reforçar a NATO e de se reforçar na NATO", e jamais uma alternativa à Aliança Atlântica.
© Valeria Mongelli/Bloomberg via Getty Images
País António Costa
Em declarações aos jornalistas no final de uma cimeira dos líderes da UE com os países dos Balcãs Ocidentais, celebrada em Kranj, Eslovénia, António Costa deu também conta da "reflexão estratégica" realizada na terça-feira à noite, apenas a 27, sobre "a posição da UE no mundo e sobre a autonomia estratégica da Europa".
"A nossa posição é conhecida: a autonomia estratégica deve reforçar uma Europa aberta ao mundo, permitindo à Europa recuperar uma posição central nas cadeias de valor", começou por dizer, apontando que a pandemia da covid-19 evidenciou que a UE não pode manter-se na situação de dependência em que está "relativamente à importação de bens fundamentais".
"Mas isto não nos deve conduzir ao protecionismo, pelo contrário. Deve conduzir-nos a podermos ter cada vez mais uma política comercial ativa que permita à Europa afirmar-se com a maior força que tem, que é a força da sua economia", declarou.
Nesse sentido, prosseguiu, a Europa deve apostar no "relacionamento com países fundamentais do Indo-Pacífico, como a Nova Zelândia ou a Austrália, com processos de negociação comercial em curso, dar sequência efetiva àquilo que foi um dos maiores ativos da presidência portuguesa [do Conselho da UE, no primeiro semestre], a reabertura das negociações de investimento e de comércio com a Índia", e, por outro lado, "revalorizar as relações transatlânticas, desde logo no âmbito do Atlântico sul, com países da África Ocidental e América Latina".
Já em matéria de Defesa -- assunto a que os líderes dos 27 regressão nos próximos Conselhos Europeus, sendo esperadas decisões em março de 2022 -, Costa enfatizou que é "fundamental não haver qualquer tipo de equívoco de que não há alternativa de Defesa àquela que existe no quadro da NATO".
"Não devemos entender o desenvolvimento do esforço de Defesa comum da Europa como uma alternativa à NATO, mas pelo contrário, como reafirmação clara da importância da NATO nesse contexto", afirmou.
O chefe de Governo disse que durante a discussão procurou "sublinhar que a UE tem tudo a ganhar em poder desenvolver o seu papel, designadamente no quadro das Nações Unidas, e na valorização de novas potências emergentes que ajudem o mundo a não ter uma nova bipolaridade entre os Estados Unidos e a China, mas sim um mundo cada vez mais multipolar, onde a Europa possa ser uma ponte de ligação entre todos".
Nesse sentido, considerou "iniciativas da maior importância" uma participação ativa na reforma das Nações Unidas, designadamente no Conselho de Segurança, lembrando que Portugal defende que "países como a Índia, o Brasil e pelo menos um país africano passem a ser membros permanentes do Conselho de Segurança".
Em suma, resumiu, Portugal defendeu "uma Europa aberta que aposte na sua politica comercial, que reforce a sua autonomia estratégica e que participe e lidere as grandes causas globais".
A discussão estratégica no jantar de trabalho de terça-feira à noite foi promovida pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel "à luz dos recentes desenvolvimentos no Afeganistão, da parceria de segurança AUKUS [entre Estados Unidos, Canadá e Austrália] e a evolução das relações com a China", tal como indicou na carta-convite dirigida aos chefes de Estado e de Governo.
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