Após as notícias que têm vindo a público sobre a fuga de João Rendeiro - em que a última foi o facto de a Polícia Judiciária ter detetado obras de arte que podem ser falsas na coleção do ex-banqueiro -, Ana Gomes recorreu ao Twitter para comentar o caso. "Que mais ainda se vai saber sobre como (dis)funciona a nossa InJustiça?", questiona a diplomata.
Na mesma nota, a também ex-candidata a Belém aponta (mais) falhas: "Além do convite à falsificação com as obras-de-arte arrestadas guardadas em casa de Rendeiro, de só ter faltado alugar-lhe o avião para a fuga, será que o Tribunal lhe facilitou transferir mais capitais para offshores?", pergunta.
De recordar que a Polícia Judiciária deslocou-se esta segunda-feira, dia 11 de outubro, à mansão de João Rendeiro, na Quinta Patiño, um condomínio de luxo localizado em Cascais, com o objetivo de verificar uma coleção de arte apreendida há 10 anos. Ontem, a SIC Notícias revelou que a autoridade detetou, nesta visita, obras que podem não ser as originais.
Q mais ainda se vai saber sobre como (dis)funciona a nossa InJustiça? além do convite à falsificação com as obras-de-arte arrestadas guardadas em casa de Rendeiro, de só ter faltado alugar-lhe avião para a fuga, será q Tribunal lhe facilitou transferir mais capitais p/ offshores? https://t.co/3Hme23cl5P
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) October 12, 2021
O tribunal, de acordo com o canal, ordenou que todos os quadros e esculturas fossem retiradas da casa do ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), de modo a serem reavaliados.
"Foi constatada a forte suspeita de existirem objetos que, apesar de aparentarem corresponder aos que foram apreendidos, poderão não ser os originais", pode ler-se no despacho judicial.
Em causa estão 124 obras de arte das quais Maria de Jesus, mulher do ex-banqueiro, é a fiel depositária, no âmbito de um processo em que o marido foi condenado. Estas passaram, há uma década, para a alçada do Estado como garantia de indemnizações aos lesados do BPP.
De lembrar também que o ex-presidente do Banco Privado Português, condenado pela justiça a cumprir pena de prisão, terá abandonado território britânico num jato privado e encontra-se em fuga, dizendo que não pretende regressar a Portugal por se sentir injustiçado.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Apesar da pequena dimensão do BPP, o caso teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.
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