O chefe de Estado falava na inauguração da nova casa da Ajuda de Berço, em Benfica, Lisboa, que incluiu uma cerimónia católica, com uma homilia e a bênção destas instalações pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e em que discursou também Maria Cavaco Silva, mulher do anterior Presidente da República.
Na sua intervenção, perante uma assistência que enchia a sala, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "tem havido ultimamente uma discussão na sociedade portuguesa sobre a melhor forma de enquadrar as crianças na situação de risco -- que são a razão de ser da Ajuda de Berço".
"A última grande discussão é a seguinte: se não é o caminho preferível abandonar a via da institucionalização e apostar no enquadramento familiar, pensando nomeadamente nas famílias de origem, mas em muitos casos, cada vez mais casos, noutras famílias, famílias adotivas ou famílias de acolhimento, e ultimamente tem havido programas púbicos orientados mesmo a nível orçamental para essa finalidade", prosseguiu.
O Presidente da República disse que tem "refletido muito sobre a matéria" e considerou que "nenhuma dessas pistas anula a outra".
No seu entender, "é muito importante que haja uma aposta em mais famílias de acolhimento para mais meios para esse acolhimento", mas "não é isso razão para nomeadamente a Segurança Social deixar de ver com apreço o testemunho e a obra daquelas instituições baseadas no voluntariado que criaram verdadeiras famílias de acolhimento".
"E porque não somos um Estado muito rico teremos de conjugar as diversas dimensões, não deixando ninguém para trás, como agora se repete muito, não esquecendo ninguém, aproveitando o contributo de todos", concluiu, recebendo palmas.
Segundo o seu portal na Internet, a Ajuda de Berço é uma instituição particular de solidariedade social fundada em 1998, de "acolhimento de crianças em situação de risco ou abandono dos 0 aos 3 anos de idade" com o objetivo de "reencaminhamento para a família de origem, recuperada e acompanhada ou encaminhamento para adoção", em defesa da "promoção e dignificação da vida humana".