Não é novidade nenhuma que o Planeta está a aquecer de forma acelerada e que isso tem já consequências visíveis nas secas a que assistimos, nas cheias catastróficas e no degelo do Ártico, fenómenos que continuarão no futuro. Outro dos efeitos é a subida do nível médio do mar, uma realidade que irá determinar o futuro de muitas populações.
Um novo estudo do Climate Central mostra que cerca de 50 grandes cidades costeiras precisarão implementar medidas de adaptação "sem precedentes" para evitar que o mar as engula.
As simulações mostram duas perspetivas das 50 cidades: uma otimista, se forem cumpridas as metas do Acordo de Paris, com um aquecimento de 1,5ºC; a outra, mais pessimista, revela o que acontecerá se nada for feito, se as emissões de gases de estufa não forem reduzidas, fazendo com o Planeta aqueça para lá de 3ºC. Neste último cenário, muitas regiões do mundo vão ficar submersas, o que afetará 10% da população, cerca de 800 milhões de pessoas.
A zona ribeirinha de Lisboa é um dos exemplos, refletidos nos mapas interativos do site da organização. A simulação foi feita na área da antiga Expo 98, atual Parque das Nações, onde a conhecida Torre Galp fica rodeada de água, como pode ver-se abaixo.
"As escolhas de hoje definirão o nosso caminho", afirma Benjamin Strauss, investigador da Climate Central.
Os cientistas da Climate Central concluíram que as regiões da Ásia e do Pacífico serão as mais vulneráveis à subida das águas nos próximos 200 a 2 mol anos. Os países insulares correm o risco de verem a maior parte da terra ficar submersa. China, Vietname, Indonésia são países identificados como alguns dos mais expostos.
Se a subida de temperatura no Planeta atingir 3ºC, o Climate Central estima que, em 2100, cerca de 43 milhões de pessoas na China viverão em terras que estarão abaixo do nível da maré alta e que 200 milhões de pessoas ocuparão áreas em risco da subida das águas na região.
Mais de 120 líderes mundiais são esperados num encontro de alto nível nos primeiros dias da COP26, que deverá juntar cerca de 25 mil participantes, entre políticos, ativistas, especialistas e negociadores nacionais, em Glasgow, no Reino Unido. Abaixo pode ver como ficará a própria cidade de Glasgow se o Planeta aquecer 3ºC.
Recentemente, a ONU alertou que os compromissos assumidos pelos Estados signatários do Acordo de Paris estão a conduzir o mundo a um aquecimento global "catastrófico" de +2,7°C, longe do objetivo de 1,5°C para limitar os efeitos destrutivos da alteração do clima.
O Acordo de Paris pretende estabelecer metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, para limitar o aquecimento global a um aumento de menos de dois graus em relação à era pré-industrial, se possível a 1,5 graus, mas "o fracasso em cumprir este objetivo será medido em número de mortos e meios de subsistência destruídos", insistiu Guterres, apelando a todos os governos para proporem compromissos de redução de emissões mais ambiciosos.
Ao abrigo do Acordo de Paris, cada país devia rever até ao fim de 2020 a sua "contribuição determinada a nível nacional", mas até 30 de julho, apenas 113 países representando menos de metade das emissões globais de gases com efeito de estufa (49%) apresentaram os compromissos revistos.
Com estas novas promessas, as emissões deste grupo de 113 países, entre os quais os Estados Unidos e a União Europeia, serão reduzidas em 12% em 2030, em relação a 2010, o que a responsável climática da ONU, Patricia Espinosa, considerou um "vislumbre de esperança" que não apaga, no entanto, o "lado sombrio da equação".
"No geral, os números das emissões de gases com efeito de estufa vão na direção errada", lamentou.
Considerando todos os planos, revistos ou não, dos 191 países subscritores do Acordo de Paris, as emissões deverão aumentar 16% em 2030, em relação a 2010, quando deveriam baixar 40% até 2030 para ficar em 1,5 graus ou 25% para alcançar o objetivo dos dois graus.
O aumento "considerável" de 16% "pode representar uma subida da temperatura de cerca de 2,7 graus até ao fim do século", com consequências dramáticas, concluiu a especialista da ONU.
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