"Este é um orçamento que ignora por completo os docentes e os investigadores", avaliou a presidente do sindicato, Mariana Gaio Alves, que partilhou em declarações à Lusa a expectativa de que os partidos partilhem as preocupações do SNESup nas negociações com o Governo.
O sindicato que representa os profissionais do ensino superior começou esta semana um conjunto de reuniões com alguns grupos parlamentares, a quem tem apresentado as suas propostas para o OE2022.
Para já, o sindicato sentou-se à mesa com o PS e o PSD, mas o balanço das reuniões não é tão positivo quando esperaria.
"Relativamente ao grupo parlamentar do PS, evidentemente, é o que apoia o orçamento e apoia o Governo", começou por dizer Mariana Gaio Alves, para acrescentar que, apesar de compreenderem as preocupações levantadas, "entendem que não há possibilidade de fazer de outra maneira".
Quanto ao PSD, a presidente do SNESup notou apenas alguma abertura quando às progressões nos escalões remuneratórios que, segundo a dirigente sindical, tem abrangido uma "ínfima parte dos professores".
"Estimamos que sejam menos de 10% nos últimos dois anos. É uma ínfima parte dos professores que tem tido oportunidade de progressão e isto é muito mais chocante quando temos passado por este período de pandemia", precisou, afirmando temer que o problema tenha tendência a agravar, uma vez que os critérios de avaliação de desempenho não foram adaptados apesar dos condicionamentos ao ensino nos últimos dois anos letivos.
Para a próxima semana, o SNESup tem reuniões agendadas com os grupos parlamentares do PCP e PEV, na segunda-feira, e do BE, na quarta-feira, em que espera receber um maior apoio.
"As expectativas é que encontremos da parte desses partidos uma abertura maior do que aquilo que se verificou nas relações com o PS e PSD relativamente às nossas propostas", antecipou, considerando que seria "fundamental" que as negociações entre esses partidos e o Governo viessem a traduzir melhorias no orçamento para o ensino superior.
Da parte do Governo, a presidente do SNESup adiantou que não tem sentido abertura do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para acolher as suas preocupações e recordou que a última vez que reuniram com a tutela foi em meados de maio.
O sindicato defende a estabilização de vínculos contratuais, de forma a combater a precariedade, a atualização de salários e o alargamento do número de docentes e investigadores integrados nas carreiras, rejuvenescendo esses grupos profissionais.
Mariana Gaio Alves recordou ainda o aumento do número de alunos a ingressar no ensino superior, e elogiou que a tendência seja apontada como positiva pelo Governo, mas alertou que não basta aumentar o número de vagas, sendo antes necessário assegurar que as instituições e os docentes têm condições para acolher esses alunos.
Leia Também: Governo impõe trabalho permanente a contratos com Estado acima de um ano